domingo, 27 de março de 2011

Um "messias" chamado Superman


No mundo dos quadrinhos poucos personagens são tão icônicos quanto o Superman. Seu uniforme, seus superpoderes e seu elevado padrão moral ajudaram a definir futuras gerações de personagens das histórias em quadrinhos focadas em super-heróis.
Em 1978, eu era uma criança quando vi Superman, o Filme no cinema. Imagine o efeito de seu visual exuberante e da magistral trilha de John Williams em um garoto de 7 anos! O filme de Richard Donner foi um grande sucesso mundial e a caracterização de Christopher Reeve como Superman foi tão marcante que alguns desenhistas da DC Comics passaram a desenhar o super-herói com o rosto do ator americano. Os quadrinhos influenciaram o filme que, por sua vez, influenciou os quadrinhos.
Cristopher Reeve interpretou o escoteiro azulado em 4 filmes (os dois últimos completamente dispensáveis) até que, por uma grande infelicidade, ficou tetraplégico ao cair do cavalo no qual disputava uma partida de hóquei. Faleceu em 2004.
Em 2006, um novo filme do super-herói foi feito: Superman Returns, dirigido por Brian Singer e com Brandon Routh no papel de Clark Kent/Superman. A intenção de Singer não era dar uma nova perspectiva do herói mas continuar a contar a história do ponto onde ela havia parado nos cinemas. Com este objetivo em mente, Singer, utilizou diversos elementos que faziam referência ao filme original de 78: a voz de Marlon Brando como Jor-El, pai do Superman, o mesmo vilão: Lex Luthor, desta vez interpretado por Kevin Spacey (que ficou muito parecido fisicamente com o Lex Luthor de Gene Hackman do filme original), a mesma música tema de John Williams, os cristais do planeta Kripton que tivera papel importante no filme de Donner, etc.
Fui ao cinema cheio de expectativas, mas confesso que não gostei do filme-homenagem de Brian Singer por alguns motivos:

- roteiro: em muitos momentos, ele era quase uma repetição do roteiro do Superman original: nos dois filmes, o vilão Lex Luthor, seu plano é exploração imobiliária (o que muda é o método), sua arma contra Superman é a kriptonita e seu plano é frustrado porque sua namorada o trai ajudando o Superman.
- casting: todos os atores são bons, mas a atriz que faz o papel de Lois Lane me pareceu muito novinha para interpretar uma experiente jornalista que a mais de 5 anos atrás teve um relacionamento com o Superman (ela tinha apenas 22 anos durante as filmagens). Brandon Routh, que em alguns ângulos até lembra Christopher Reeve, não possui nem metade do carisma dele.
- falta de ação: embora hajam cenas de demonstração de seus superpoderes, de fato, não há muitas cenas de ação no filme. Não há um oponente a altura do Homem de aço e em todo o filme ele não dá um único soco sequer!

Mas o que mais me chamou a atenção no filme foram as inúmeras comparações com Jesus Cristo. Isto mesmo, a todo o instante, o filme traça paralelos entre o super-herói de capa e cueca vermelha com o próprio Filho de Deus! Senão vejamos: ele tem um Pai nos céus que o enviou para viver entre os humanos, como um deles e protegê-los. Até aí tudo bem, faz parte da história clássica dos quadrinhos. Mas e aquele diálogo com a Lois Lane na qual ela fala que o mundo não precisa de um salvador? Há ainda a cena dele flutuando sobre a órbita terrestre, de olhos fechados, ouvido as conversas e pedidos de socorro (orações?) das pessoas, isto sem falar no clímax do filme: seu auto-sacrifício, empurrando a massa de terra incrustrada de kriptonita para o espaço e ele pairando em posição de cruz (!) antes de cair na Terra. Para finalisar, há a cena de seu estado de coma no hospital, onde praticamente é dado como morto até que entram no quarto e vêem a cama vazia com as roupas de cama sobre ela numa clara referência ao túmulo vazio de Cristo após a ressurreição. Para quem tem um mínimo de conhecimento bíblico, tudo isto são pistas muito fortes da intenção do diretor .

Na minha modesta opinião, Brian Singer pecou ao não atualizar o personagem para os problemas e anseios do mundo atual em plena virada do século XXI. Ao invés disso, praticamente refilmou o roteiro do filme original para apresentá-lo como um Messias dos tempos modernos.
Mas porque ele teria feito isto? Será que ele quis deificar o famoso personagem dos quadrinhos ou minimizar a pessoa do Salvador? Ou ambos?
O fato é que seu objetivo não foi alcançado. O resultado final (e a bilheteria) do filme não agradou ao estúdio Warner que decidiu não fazer uma sequência do filme e com isto, nem Singer nem Routh voltam na direção e no papel do super. Resolveram recomeçar do zero, com um novo roteiro encomendado a Christopher Nolan, diretor consagrado com o filme Batman Begins.
Por mais famoso e querido que o personagem seja, não há como nem por quê retratá-lo como o Messias, o salvador do mundo. Esta vaga já tem um dono desde a fundação do mundo e nem Superman tem poderes para tomá-la.

Obs.: Se quiser conferir a cena da morte do Superman quando lei cai em posição de cruz, este é o link:

fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Superman_%28filme%29

domingo, 13 de março de 2011

É só preconceito - contra os evangélicos

Evento evangélico em São Paulo. Alguém em sã consciência imagina estar vendo uma multidão de racistas? Foto: CPAD
Em 2005, enviei a André Petry, articulista da revista Veja, uma carta em resposta a um artigo publicado por ele naquela revista onde os evangélicos são retratados como intolerantes e até mesmo racistas. Segue abaixo o texto da carta o qual continua - infelizmente - atual:


Prezado André Petry,

Li seu artigo publicado na Veja de 2/11/2005 na qual nós, evangélicos, somos chamados de intolerantes, preconceituosos e racistas. Nele, somos acusados de perseguir os cultos afro e, por conseqüência, estimular o preconceito racial. Nada mais falso.
Em primeiro lugar, não restringimos a fé a uma manifestação cultural de uma sociedade ou etnia. Isso seria restringir a crença de um indivíduo ao nível do folclore. Suponho que esta interpretação seja agradável a sociólogos e antropólogos, especialmente àqueles que alegam não crer no transcendental. Uma religião é uma visão espiritualizada de mundo, uma forma de explicar, de dar significado e de se posicionar diante da vida. Todo o ser humano tem o direito de ser informado de que existem outras formas de pensamento e escolher, de acordo com as suas convicções, aquela que melhor explica a sua realidade. Por isso vemos ocidentais que professam o budismo ou o hinduísmo e vemos árabes e hindus se convertendo à fé cristã – mesmo ameaçados de morte por seus conterrâneos por terem tomado esta decisão. Creio que a interpretação dos textos bíblicos defendida pela fé evangélica pentecostal é mais lógica e coerente e, por isso, não apenas nela congrego como também a divulgo.
Talvez o senhor não saiba, mas existe um interessante livro chamado A Religião Mais Negra do Brasil, escrito por Marco Davi. O senhor sabe qual é? A fé evangélica pentecostal. Sim, há mais negros freqüentando templos evangélicos no Brasil do que terreiros de religiões afro e por um motivo simples: não vêem a fé como um dado cultural a ser herdado de seus antepassados e transformado em prisão sócio-étnica-folclórica, mas sim como uma jornada intelectual e espiritual em busca de respostas que satisfaçam os anseios de sua alma. E este dado é uma fato para os dois lados: há mais terreiros de religiões afro no Rio Grande do Sul do que na Bahia. Por sua lógica, esses praticantes destes cultos não deveriam ter abandonado sua fé luterana ou católica, visto que são descendentes de alemães e italianos. Mas o livre pensamento não pode ficar preso a questões étnicas ou folclóricas. Nosso passado é uma referência, não uma prisão.
Um outro dado importante: pregamos que todos os seres humanos são criação de Deus e que todos os que crêem em Jesus tornam-se filhos de Deus – independente de posição social, intelectual ou étnica – somos todos irmãos. Talvez por isso eu possa perceber uma maior quantidade de casais de etnias diferentes dentro das igrejas evangélicas do que no restante da sociedade.
Concordo que o pensamento de Baby do Brasil foi primário: Não há correlação entre tragédias e fé. Nova Orleans pode ter muitos praticantes de vodu, mas também tem muitas igrejas cristãs. A Bíblia diz que o sol nasce para bons e maus e a chuva desce sobre justos e injustos, portanto, atribuir um caráter punitivo a catástrofes naturais é um erro, salvo as duas exceções que a Bíblia revela – o dilúvio e a destruição de Sodoma e Gomorra – e ambas no Antigo Testamento.
Na verdade, seu artigo, ao se apegar a este fato isolado, é apenas mais uma forma de demonstrar preconceito, intolerância e desconhecimento do que seja a fé evangélica (deve ser terrível, ser chamado de preconceituoso e intolerante, não?) Vamos citar alguns exemplos da forma como nós evangélicos somos retratados nos meios de comunicação:

- Cansei de ler na imprensa matérias citando bispos católicos e “bispos” evangélicos. Por que a diferença? Aspas são usadas em duas situações: quando são a citação de terceiros ou quando denotam ironia. Ou seja, de qualquer forma, o repórter está dizendo que não considera aquele líder eclesiástico digno de ser chamado de bispo, como se esta nomenclatura fosse uma prerrogativa exclusiva da igreja católica. Mas um monge budista não é descrito como “monge” budista.

- Se o famoso padre Zeca organiza um evento Deus é 10 no aterro do Flamengo atraindo de 10 a 15 pessoas no Aterro do Flamengo, é primeira página na grande imprensa do Rio. Se a Igreja Batista da Lagoinha ou alguma outra organização lota o Maracanã, não há nem traço de cobertura.

- Enquanto a passeata do Orgulho Gay de São Paulo que leva uma multidão à Avenida Paulista tem ampla e detalhada cobertura, a Marcha para Jesus que leva o dobro de pessoas, tem uma cobertura pífia.

- Na teledramaturgia da Globo, o único grupo religioso que recebe a duvidosa honra de ser retratado como ignorante, preconceituoso e recalcado somos nós, os evangélicos. Todos os demais personagens que professam outra fé são mostrados como pessoas simpáticas, éticas e espiritualizadas. Nada contra, só gostaria se ser retratado assim também! Ou isso não é preconceito?

- Na novela da 6 – Alma Gêmea, e na novela das 8 que começa às 9, América – São diariamente veiculados os postulados da fé espírita. Se a Globo pode utilizar um veículo de massa para pregação religiosa travestida de novela para milhões, independente da crença, da origem, da cultura ou da etnia dos seus milhões de telespectadores, porque nós evangélicos não podemos divulgar nossa crença para outros? Não estamos impondo nossa fé a ninguém, estamos dando, isto sim, subsídios para que tenham liberdade de escolha.

- Muitas reportagens tomam a Igreja Universal do Reino de Deus como parâmetro, embora segundo o censo 2000 do IBGE ela esteja muito longe de ser representativa do universo evangélico – seja por questões numéricas, seja por questões doutrinárias. Com isto, ignoram a maior denominação evangélica do país – as Assembléias de Deus (da qual faço parte) - e igrejas igualmente importantes por seu passado secular e contribuição para a sociedade na forma de escolas e hospitais como as igrejas Batista, Metodista e Presbiteriana, isto somente para citar algumas.

- Recentemente, um grupo missionário foi alvo de críticas porque salvou a vida de duas crianças indígenas doentes tirando-as temporariamente de sua aldeia para se tratar no hospital. Antropólogos acreditam que estas crianças deveriam ser deixadas para morrer já que este é o costume da tribo. Por esta mesma lógica, o ocidente não deveria promover campanhas contra a medonha castração feminina que ocorre em diversas tribos africanas e árabes. Mas a questão é mais profunda do que a manutenção de um costume, é questão de lutarmos pela vida e pela dignidade humana, independente de cultura, etnia ou religião.

Não estou dizendo que somos perfeitos ou anjos na terra. Sim, há no nosso meio pessoas intolerantes, que tem dificuldade de compreender aquele que pensa diferente, assim como também há nas torcidas organizadas, na política e até mesmo na ciência, mas isso não quer dizer que a intolerância é algo inerente a nenhuma destas atividades. Somos pessoas que comentem erros e acertos e que lutam a cada dia para serem melhores, segundo o exemplo de nosso mestre Jesus Cristo. Aliás, a grande diversidade de igrejas e de doutrinas que há dentro do segmento evangélico mostra que não somos tão intolerantes ou monolíticos assim quanto se pensa, ao contrário, somos abertos às diferenças.
Também sou um admirador de Rosa Parks e do pastor batista Martin Luther King e acho que a igreja evangélica brasileira ainda está devendo a nossa sociedade profetas da justiça para denunciar as várias formas de pecado que grassam por esta terra: corrupção, indiferença, materialismo e hedonismo que nos impede de vermos e ajudarmos o nosso próximo, seja ele quem for. Mas não será com demonstrações de indiferença ou de preconceito dos meios de comunicação contra a comunidade evangélica que vamos melhorar este quadro.
Mas, quer saber? Tudo bem. Jesus e seus seguidores também foram chamados de tudo o que se possa imaginar: loucos, blasfemos, comilões, beberrões, agitadores, hereges, ignorantes, etc. Em materia de preconceito e discriminação, nós evangélicos, estamos bem acompanhados.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Aborto – o que eles dizem e o que eles querem dizer

A questão do aborto tem ganhado manchetes e reportagens na grande imprensa e recentemente foi explorada, porém não aprofundada, no período eleitoral no qual concorreram a presidência os candidatos Dilma Roussef, José Serra e Marina Silva.
O estopim para a discussão do tema foi a descoberta pela imprensa que uma das condições para que a evangélica Marina Silva fosse candidata pelo PV era a que seu partido não impusesse mais a defesa do aborto a seus correligionários.
Ao ser questionada pela imprensa sobre sua posição sobre a questão, Marina afirmara com todas as letras que era contra o aborto e por ser uma questão de foro íntimo deveria ser levada a plebiscito.
O rápido crescimento da candidatura de Marina Silva verificado pelas pesquisas, tomando votos tanto de Serra quanto de Dilma mostrou para os estrategistas políticos que ela estava conquistando não apenas os eleitores mais à esquerda ou intelectuais de classe média atraídos pelo discurso politicamente correto do crescimento sustentável sem agredir o meio ambiente. Agora, ela atraía também eleitores considerados conservadores em seus valores sociais.
Isto levou a candidata do governo a uma guinada de 180 graus em seu discurso, de favorável a contrária ao aborto, seguida pelo candidato da oposição.
Mas a eleição passou, Dilma foi eleita e a questão tendia ao esquecimento até que o governador recém reeleito do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, veio com a frase bomba em defesa do aborto como registrado abaixo pelo site UOL:

“O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), fez um comentário polêmico hoje ao falar sobre o aborto a empresários em São Paulo. Ele questionou os presentes sobre quem já teria recorrido ao procedimento por conta de uma gravidez indesejada de uma namorada. "Quem aqui não teve uma namoradinha que teve de abortar?", perguntou Cabral, ressaltando, em seguida, que esse não era o caso dele. "Fiz vasectomia e sou muito bem casado", disse, durante o Exame Fórum - Rio de Janeiro - Oportunidades de Investimentos e Negócios.”

Deixa eu ver se entendi. Em um fórum com empresários, economistas e intelectuais sobre oportunidades de investimento e negócio o governador pergunta em tom inclusivo quem naquele recinto não teve uma namorada que teve de abortar e, logo em seguida, se exclui alegando que era bem casado? E os demais participantes, não são?
Porém, o mais importante da frase não é o que ela afirma, mas o que ela dá a entender.
Atualmente, pela lei brasileira o aborto é permitido em casos de estupro ou em caso de risco para a mãe. Recentemente o país ficou chocado com estes dois casos acontecendo ao mesmo tempo na vida de uma criança. Isto mesmo, uma criança. Uma menina de seus nove anos de idade havia sido estuprada e engravidara do monstro que a atacara. Segundo a junta médica que a examinara, o aborto era necessário pois o frágil corpo em formação da menina não teria condições de suportar a gravidez, muito menos o parto.
Mas o exemplo do governador não tinha nada a haver com este caso grave. Tampouco citou o drama de mulheres que carregam em seu ventre fetos com uma deficiência genética que os fez se desenvolver sem o cérebro. Não. Seu exemplo foi muito mais prozaico e, na verdade, muito mais comum. O que ele defendeu foi o aborto de seres humanos em gestação fruto de uma noite de prazer, uma ficada, uma farra de adolescente ou, vá lá, um namoro de verão sem maiores envolvimentos sentimentais.
Tal fato é reforçado pelo diminutivo “namoradinha”: namorada de menor importância, namoro de adolescência. Se a namorada é descartável, imagine o filho que vai dentro da barriga dela!
Continuando a frase, o governador afirma que a namoradinha “teve” de abortar. Teve porquê? Foi obrigada? Por quem? Pelos ilustres presentes que quando jovens não queriam comprometer seu brilhante futuro com o registro de uma criança? Foram eles que induziram/obrigaram suas namoradinhas a tirarem a criança porque não dariam apoio algum e ainda questionaram se o filho era deles mesmos? E com esta falta de apoio, a namoradinha se sentiu desamparada demais para poder encarar seus pais e lhes contar a novidade que comprometeria o sonho deles de vê-la em pouco tempo cursando uma faculdade ou fazendo um concurso público?
Nosso governador é um ilustre filho da cosmopolita e sensual cidade do Rio de Janeiro, frequentador ilustre da boemia da zona sul carioca que sempre foi indolente com o comportamento de sua juventude. Esta frase do governador exprime com constrangedora franqueza o que parte da cidade quer: falta de compromisso, inconsequência e covardia. Uma juventude (e muitos não tão jovens assim) que querem apenas “curtir o momento” e não se comprometerem com relacionamentos estáveis e baseados no amor e na confiança mútuas. Querem viver uma noite de cada vez sem que seus atos lhes tragam qualquer consequência futura. Mas quando a consequência de seus atos bate à sua porta, querem covardemente fugir dela.
É isto o que o aborto nesta historinha contada pelo governador Cabral representa: uma fuga covarde da consequência de nossos atos.
Porém muitos poderão alegar: mas são apenas garotos, não deveriam ter de assumir esta responsabilidade!
De fato, muitos são garotos. Outros, já deixaram de ser a muito tempo, embora ainda saiam com garotas que não tem idade nem maturidade para tirar uma carteira de motorista. Mas o que não podemos nos esquecer é que se estes garotos e garotas se consideram tão maduros para terem uma vida sexualmente ativa, automaticamente estão sendo considerados pela própria natureza maduros o suficiente para serem pais e mães pois a consequência natural de uma vida sexualmente ativa sem a devida proteção é a gravidez. É assim em toda a natureza. Não foi nenhuma religião que construiu isso.
Para estas pessoas, o aborto não é um castigo, mas sim uma fuga. A lição que passamos para eles é que podem fugir da consequência de nossos atos. Que espécie de cidadãos estamos formando? Que valores são esses que estamos passando? Que sociedade estamos criando?
O aborto da historinha do governador é fruto de uma sociedade que privilegia, glamuriza e estimula o narcisismo e o hedonismo, não o relacionamento. Para pessoas que buscam o seu próprio prazer, a gravidez é um empecilho ao seu estilo de vida e como tal, deve ser descartado, eliminado. Por mais terrível que possa parecer, eliminado é o verbo correto pois estamos falando de uma vida humana.
Queremos diminuir o número de abortos? Vamos investir esforços de toda a sociedade para estimularem nossos jovens a que construam relacionamentos ao invés de apenas curtirem o momento. Eles não deveriam se contentar com tão pouco. É mesquinho demais, é pobre demais. 
Quando construimos relacionamentos, nós crescemos e aprendemos com a convivência do outro. Porém, isto não vai impedir que eventualmente ocorram casos de gravidez indesejada. Mas quando ela acontecer, eles terão força dentro de si mesmos para torná-la desejada, pois perceberão que a vida em formação não é um castigo ou um empecilho ao seu futuro, mas a consequência real e o ponto alto do relacionamento que construíram.