segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Comunicação na família


- O que há querida? Você está tão calada?
- Eu? nada.
- Como nada? Estou vendo o seu rosto sério. O que foi?
- Nada.
- Pela sua cara, aconteceu tudo. O que foi?
- Vai dizer que você não sabe?
- Mas como vou saber se você disse?
- E precisa?

Quem nunca passou ou presenciou um diálogo assim? Embora a comunicação seja algo fundamental para a convivência e o relacionamento humanos, nem sempre ela é fácil, mesmo dentro do lar. Afinal, homens e mulheres, adultos e crianças, tem idades, linhas de raciocínio, criação, culturas e idades diferentes e, por isso, formas diferentes de entenderem e se comunicarem.

Vejamos alguns elementos da boa comunicação:

LINGUAGEM – A arte de se comunicar
Quem
diz o quê
Em que meio
Como
Para quem
Comunicador
mensagem
Visual (Escrita, Pintada, Desenhada ou Gesticulada
Linguagem
Receptor
Áudio (Falada ou Cantada)
Áudiovisual


Para que haja comunicação, é necessário que comunicador e receptor possuam uma mesma linguagem, isto é, que se utilizem de um grupo de símbolos estruturados de maneira a ter um mesmo significado para ambos.
As gírias são um código diretamente ligado ao grupo social ao qual o indivíduo está integrado. Todo grupo fechado possui sua gíria. Ex.: Contrução Civil, militares, crentes, etc.
Um grupo fértil para gírias são os adolescentes. Enquanto nos demais grupos as gírias se mantém inalteradas durante um muito tempo, as gírias dos adolescentes mudam constantemente, dificultando o seu acompanhamento por observadores externos ao grupo, como os pais, por exemplo.

CULTURA – O chão sobre o qual está alicerçada a linguagem
Para se comunicar efetivamente com seus filhos, é necessário se conhecer, e bem, o caldo cultural no qual estão imersos. O que vêem, ouvem, leem. Quais são seus referenciais de vida? Que personalidades admiram ou desprezam? Quais seus sonhos e aspirações? Sem conhecer esses elementos um diálogo aberto se torna muito difícil.

ADOLESCÊNCIA – Segundo o pr. Eliezer Morais a adolescência é “uma etapa onde ocorrem as mais importantes transformações ao nível físico, intelectual, emocional e social. A adolescência é um processo dinâmico de metamorfose que transforma o ser criança em um ser adulto.”
Quando começamos a crescer, nossos referenciais mudam. Buscamos nossa própria identidade e nos espelhamos, ao invés de em nossos pais, em nossos colegas que estão passando por esta mesma fase de mudanças e descobertas. Esta afinidade gera uma aproximação que dá origem a um grupo, uma “galera”.
O vestuário, a música e a linguagem são tentativas dos adolescentes de construírem sua identidade. Esses códigos não são compreendidos por seus pais e líderes e se não houver um clima propício para o diálogo, muitos conflitos poderão surgir no relacionamento entre adolescentes e adultos.
Mais uma vez, como escreveu o pr. Eliezer Morais “a oposição visa, primeiramente e, sobretudo o meio familiar: o adolescente, para provar a si mesmo a sua independência, defende sempre posições contrárias às de seus pais e outros adultos. Ele também não aceita ser orientado na escolha dos amigos, das leituras, diversões e posições.”
É necessário conhecer os códigos lingüísticos e estéticos dos adolescentes para poder criar uma empatia e estabelecer canais de comunicação efetivos para que eles não se sintam sozinhos e incompreendidos, como na música do Gabriel, o Pensador, que fala sobre os perigos do consumo de drogas e o que leva a muitos jovens à embarcarem nesta canoa furada:

ninguém tá escutando o que eu quero dizer
ninguém está dizendo o que eu quero escutar
ninguém tá falando o que eu quero entender
ninguém tá entendendo o que eu quero falar”

INTERESSE Uma família onde todos têm interesse em conversar uns com os outros é uma família saudável. Como manter um bom nível de comunicação familiar?
Em primeiro lugar, é fundamental que haja respeito no relacionamento. Respeito pelas características que diferenciam um homem de uma mulher, um adulto de um adolescente ou de uma criança. Se acharmos que pessoas diferentes de nós somente porque são nossos familiares pensam e entendem as coisas igual a nós, o diálogo tende ao fracasso.
Em segundo lugar, é necessário que possua tempo, isto é, que se reserve uma parte da rotina diária para o exercício do diálogo. Durante às refeições, à noite. Desligar a TV ajuda – e muito – a aumentar o diálogo. E os smartphones e tablets também!
Em terceiro lugar, é importante que estimule o diálogo e, para isso, precisa saber ouvir, mesmo que não concorde ou não goste do que está sendo dito. Uma pessoa que não é aberta a ouvir mesmo um pai ou uma mãe, corre o risco de também não vir a ser ouvida, pois relacionamentos sadios são baseados na reciprocidade.

PRECONCEITOS – Não se esqueça! Você já foi adolescente um dia!
Para podermos compreender e aceitar o outro, é muito importante que saibamos nos colocar no seu lugar. Se estivéssemos passando pela mesma situação e tivéssemos a mesma história de vida que ele, será que agiríamos diferente?
O adolescente aos olhos de um adulto parece ser, muitas vezes, irresponsável, inconsequente e incapaz de compreender a importância de palavras como compromisso, horário e ter capacidade de pensar a longo prazo. Acreditem, isto é normal! Você já se esqueceu como foi quando você era adolescente?
Lembre-se, o adolescente deixou de ser uma criança mas ainda não é um adulto, é um período de transição. Quantas vezes não ouvimos “Esse menino só tem tamanho!” Mas é verdade, muitas vezes, têm-se um corpo quase de adulto mas a mente e os sentimentos ainda um tanto infantis. Para piorar este ser “mutante” chamado adolescente quando se comporta como criança logo ouve “Pára com isso! Onde já se viu, um homão desse tamanho agindo que nem criança!” ou se quer liberdades como a chave do carro ou chegar mais tarde em casa: “Nem pensar! Você está muito nova para isso!”

Portanto, nada de menosprezar o comportamento dos adolescentes sob sua responsabilidade pois, lembre-se, você também já foi um e se hoje você ri dos probleminhas que tinha, lembre-se que naquela época para você parecia um tremendo problemão e que podia, inclusive, interferir com a sua vida espiritual!

CONCLUSÃO – Sua família é sua primeira, mais verdadeira e importante rede social. Invista tempo e energia nela. Curta os bons momentos, compartilhe sua experiência de vida em tempo real, ao vivo e à cores em um relacionamento concreto ao invés de um virtual. Fortaleça seus relacionamentos pois desta forma, nenhuma crise ou adversidade irá separá-los, como está escrito no livro sagrado:

"É melhor haver dois do que um, porque duas pessoas trabalhando juntas podem ganhar muito mais. Se uma delas cai, a outra a ajuda a se levantar. Mas, se alguém está sozinho e cai, fica em má situação porque não tem ninguém que o ajude a se levantar. Se faz frio, dois podem dormir juntos e se esquentar; mas um sozinho, como é que vai se esquentar? Dois homens podem resistir a um ataque que derrotaria um deles se estivesse sozinho. Uma corda de três cordões é difícil de arrebentar.
O moço pobre mas sábio vale mais do que o rei velho e sem juízo que já não aceita conselhos." Eclesiastes 4.9-13

   

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