O Ateísmo científico é tudo,
menos científico
Um dos mais badalados cientistas da
atualidade, o astrofísico americano-canadense Lawrence Krauss causou
polêmica com o lançamento do livro A Universe From Nothing
(Um Universo do Nada, em tradução livre). Segundo o autor, o
universo aconteceu por acaso e veio do nada - algo instável e que
sempre acaba reagindo, sem precisar de interferência divina.
Quando Krauss realizou uma
apresentação sobre a origem do universo, enfureceu grupos
religiosos americanos. Comentários acusando-o de querer acabar com
Deus se multiplicaram na internet. Mas o autointitulado antiteista
garante: essa era a intenção.
Em
entrevista ao site de notícias Terra, Krauss afirma: “Não
há propósito evidente para o universo. A vida no nosso universo
pode ser apenas um acidente. Podemos tentar entender como o universo
foi criado, mas não temos como identificar um objetivo evidente. Mas
isso não deve nos desolar. É motivo para sermos mais felizes. O
propósito e o significado da nossa vida são criados por nós. Isso
nos dá mais poder. Em vez de sermos governados por um ditador
universal, como meu amigo Christopher Hitchens (famoso ateísta autor
do best-seller Deus não é grande (Ediouro), que recente morreu de
câncer) diria, criamos nosso próprio significado. Isso deve nos
empolgar, pois dá mais sentindo a tudo que fazemos.”
Quando o
Terra lhe pergunta se ele então é ateu, Krauss responde: “Considero
presunçoso se dizer ateísta, pois não posso garantir que o
universo não foi criado com um objetivo, apesar de não haver
nenhuma evidência disso. Mas posso dizer que não gostaria de viver
em um universo onde existe um Deus, um universo onde eu não passaria
de um cordeiro, sem controle sobre a minha existência.”
Ultimamente,
temos visto um grande esforço de cientistas e formadores de opinião
se esforçando bastante para tentar reduzir a crença de bilhões de
pessoas na existência de um ser superior e criador do Universo ao
nível da fábula e da superstição. Lawrence Krauss é apenas um
deles.
Eles
costumam afirmar que querem apenas descobrir a verdade, como as
coisas de fato aconteceram, chegando ao conhecimento por meio da
análise, do estudo, do cálculo matemático e da lógica. Porém,
esta entrevista de Krauss revela algo mais por trás disto.
As
palavras dele e de outros cientistas como Richard Dawkins e
Christopher Hitchens já não escondem que há um objetivo além da
busca pelo conhecimento: o de eliminarem a religião de um modo geral
e a crença em um Deus pessoal e agente na História da humanidade.
O
que isto importa? Importa que seus trabalhos, seja na biologia física
ou astronomia, e, ainda mais importante, suas conclusões, não são
fruto de um estudo isento das evidências e dados que conseguem
coletar, mas o resultado de como estas evidências e dados podem ser
úteis para corroborar uma opinião ou ideologia pré-existente.
Ou
seja, acredito que suas convicções pessoais interferem na forma
como interpretam os fatos e dados analisados. Mal comparando, é como
se mostrássemos um copo com água pela metade a duas pessoas, uma
pessimista e outra otimista. A pessimista diria que o copo está meio
vazio. A otimista diria que está meio cheio. A visão de mundo delas
deu interpretações opostas para o mesmo objeto observado.
Na
entrevista, Krauss afirmou que “Não há propósito evidente
para o universo. A vida no nosso universo pode ser apenas um
acidente. Podemos tentar entender como o universo foi criado, mas não
temos como identificar um objetivo evidente.” Na minha opinião,
há muita arrogância acadêmica aí. Não há propósito evidente
para a existência do universo aos nossos olhos humanos. Mas quem
disse que o universo de tal magnitude tem de ser compreensível por
nós para ter uma finalidade? E se o universo for de fato, o fruto de
um Ser com tamanha capacidade intelectual e poder para criar algo de
proporções tão fantásticas? Na minha opinião se for assim, este
Universo de bilhões de anos e dimensões infinitas teria de seguir
uma lógica determinada por este Ser onipotente e não por nós,
míseros observadores humanos cuja existência mal chega aos 80 anos
e que habitamos um planetinha perdido em volta de uma estrela de
quinta grandeza situada na periferia da Via Láctea.
Aí
está a arrogância intelectual: se eu não vejo lógica, então não
há lógica. Se não há lógica então sua existência não foi
fruto de uma mente racional. A premissa original está errada. Se eu
não vejo lógica, pode ser apenas que eu não tenha capacidade
intelectual suficiente para vê-la. Tanto isto é verdade, que a
certo momento ele reconhece:
“pois
não posso garantir que o universo não foi criado com um objetivo”
Outro
ponto da entrevista mostra uma indução ideológica nas conclusões
de Krauss: “O propósito e o significado da nossa vida são
criados por nós. Isso nos dá mais poder. Em vez de sermos
governados por um ditador universal”
Para
muitas pessoas, a ideia de haver um ser superior, não apenas em
poder, mas moralmente superior, determinando o que é certo ou
errado, é simplesmente inaceitável. É uma questão filosófica e
não científica. Nossa sociedade rejeita o conceito de um Deus que
ama, porque quem ama se importa, participa, quer estar junto e
principalmente alertar, corrigir, tal qual um pai faz com seus
filhos. Aliás, é isto o que se esperaria de um pai zeloso.
Mas
tal como adolescentes, nossa civilização se considera adulta,
senhora de seus próprio nariz e não quer que ninguém lhe diga o
que é certo ou errado nem monitore o que faz, com quem anda e
aonde vai porque quer fazer o errado. Para um adolescente rebelde e
ansioso pela liberdade de agir sem medir as consequências, um pai
presente e rígido em seus valores é sempre visto como um “ditador”.
Este é o espírito da época em que vivemos. Isto fica evidente na
seguinte frase de Krause:
“Mas
posso dizer que não gostaria de viver em um universo onde existe um
Deus, um universo onde eu não passaria de um cordeiro, sem controle
sobre a minha existência.”
Isto
é uma visão distorcida do que seja um universo criado por Deus e do
que seja o significado da vida. Cada um de nós, crentes ou ateus,
temos um controle relativo de nossas vidas. Não controlamos a
época, o país a família e nem mesmo o corpo com o qual nascemos.
Nós não temos controle sobre a vida que recebemos, mas nós podemos
controlar a vida que teremos. É assim com qualquer ser humano sobre
a face da Terra, quer ele creia em um Deus, em vários deuses ou em
deus nenhum. Não há ditadura, mas também não há liberdade total
de escolha.
Parece
que Krause imagina Deus como uma entidade autoritária e
controladora, que impõe a sua soberana vontade sobre os pobres
mortais. Tenho a impressão de que ele vê Deus como um operador de
marionetes e nós seríamos estes pobres bonecos. Mas existe alguém
base científica ou lógica para se supor que se há um Deus Criador
de tudo teria de ser ele também manipulador de tudo? Me parece que
isto é mais uma opinião preconcebida dele do que uma conclusão
racional.
Ao
ler a Bíblia, vejo um Deus diferente. Ele se apresenta como Pai, que
ensina, orienta, alerta, briga, castiga, mas que também protege,
abençoa e celebra. Mas, como todo pai, sua proteção e presença
tem limites. Ele também respeita nossas decisões, mesmo aquelas que
ele não concorda e que sabe que terão consequências ruins. E
quando as consequências ruins vêem, nos iramos contra Ele porque
não interveio em nosso favor.
Por
tudo o que foi colocado acima, para muitas pessoas que se julgam
inteligentes e auto-suficientes, é mais conveniente não crer em
Deus, pois sua eterna e pura existência denuncia o quanto são
limitados e falhos. Por isso preferem crer que o universo é fruto do
nada do que o resultado de uma mente criadora.
Mas
qual a explicação, então para o universo? Segundo o grande físico
Stephen Hawking, o tempo passou a existir com o Big Bang, a explosão
da partícula primordial que deu origem ao universo e nada poderia
existir fora do tempo. Assim sendo, antes do Big Bang não havia
nada. E qual a origem da partícula primordial? Não há explicação.
De onde ela veio? Não há resposta. Simplesmente estava lá. Acham
mais lógico crer que em momento havia apenas o vazio e no outro, sem
motivo, causa ou explicação, surge uma hiper concentração de
gazes cósmicos que explodem.
Mas
numa coisa Hawking está certo. Antes da criação não havia tempo.
Aliás, o milenar livro de Gênesis, o primeiro livro da Bíblia,
concorda com ele, logo em seu primeiro versículo: “No princípio,
criou Deus os céus e a terra”. O termo “princípio” marco
inicial da contagem do tempo. Ou seja, quando Deus criou o universo,
criou juntamente com ele o tempo. Portanto, Ele é Senhor do tempo
também. Se Deus está fora do tempo, onde Ele está? A Bíblia
responde mais uma vez:
“Porque
assim diz o Alto e o Excelso, que habita na eternidade e cujo
nome é santo: Num alto e santo lugar habito, e também com o
contrito e humilde de espírito, para vivificar o espírito dos
humildes, e para vivificar o coração dos contritos. Is. 57.15”
O
Deus que eu creio não é um “nada cósmico”, nem tampouco um
“ditador universal”, mas um Ser tão magnificamente poderoso e
além da minha pobre compreensão que habita onde o tempo e o espaço
se tornam um só: na eternidade. Porém, ao mesmo tempo é tão
magnificamente amoroso que habita me um outro lugar tão belo quanto
seu lar cósmico: o coração humilde e contrito das pessoas de fé.
Se
nosso coração for minimamente humilde e contrito, quando olharmos
para o céu azul, veremos mais do que uma grande concentração de
oxigênio e outros gazes que dão à nossa atmosfera uma cor azulada.
Nos emocionaremos também com maravilhosa beleza deste céu
profundamente azul. Um céu tão belo que somente pode ser fruto de
um Ser profundamente inteligente, sensível e puro. E o louvaremos
por tudo o que Ele fez. Se olharmos para o céu de forma sem qualquer
ideia preconcebida, e buscarmos uma razão lógica para tanta beleza,
chegaremos a conclusão de que há um Deus que é o Senhor da Criação
e, por isso, nosso Senhor também, pois nós somos parte dela.
“Os
céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das
suas mãos.” Sl 19.1
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