O
ser humano é guiado por suas convicções. Algumas delas são
religiosas, outras são ideológicas ou, vá, políticas. Mas será
que é possível conciliar estas convicções de origens tão
distintas?
E neste processo de conciliação. Sua fé norteará suas convicções políticas ou será o contrário, sua fé será moldada e, porque não dizer, distorcida, para se encaixar na ideologia que move a sua vida?
E neste processo de conciliação. Sua fé norteará suas convicções políticas ou será o contrário, sua fé será moldada e, porque não dizer, distorcida, para se encaixar na ideologia que move a sua vida?
O
mundo se debate em duas grandes linhas ideológicas: direita e
esquerda. No Brasil ser de direita não dá cartaz, então quem é de
direita geralmente diz que “com a queda do Muro de Berlim estes
conceitos estão ultrapassados, etc. e tal”. Já quem é direita
costuma por a culpa de todos os males no capitalismo, é favorável a
tudo o que a mídia diga que é progressista e contrário a tudo o
que esta mesma mídia diga que é reacionário ou conservador, mesmo
sem saber bem por quê.
Mas
o que é direita e esquerda mesmo? Vamos primeiro ver o que é
direita:
“Direita
é o termo geralmente utilizado para designar indivíduos e grupos
relacionados com partidos políticos ou ideais considerados
conservadores (em relação aos costumes) e/ou liberais (em relação
à economia), por oposição à esquerda política.
Os
direitistas podem ser divididos em quatro tipos básicos:
libertários, liberais clássicos, democratas-cristãos e
conservadores.
Os
primeiros são liberais em relação à economia e nos
costumes,alguns podendo defender algumas bandeiras comuns a parte da
esquerda. Os democratas-cristãos podem ser moderadamente liberais em
relação à Economia (defendendo a chamada economia social de
mercado) mas conservadores nos costumes. Os conservadores tendem a
combinar o conservadorismo nos costumes com uma grande diversidade de
posições na área econômica, que vão do liberalismo econômico ao
neomercantilismo.”
Fonte:
Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Direita_pol%C3%ADtica
Como
acabamos de ver aí em cima, não há uma direita, mas diversas
direitas, que variam de visão tanto na questão dos costumes quanto
na questão econômica. Nos EUA, vemos prevalecer os conservadores,
especialmente no partido republicano. Isto fica bem claro nos
discursos dos pré-candidatos a presidência dos EUA, cada um deles
puxando seu discurso ou para o conservadorismo dos costumes ou para
atacar a participação ativa do governo na economia.
Mas
o que isto tem a haver conosco?
Bom,
não há dúvida de como o movimento evangélico como um todo, e o
pentecostal em particular, é fruto do trabalho missionário
estrangeiro, especialmente de missionários americanos a partir da
segunda metade do século XX. E junto com sua fé, trouxeram sua
visão de mundo, fruto da mistura de suas convicções religiosas com
suas convicções políticas.
O
resultado disto é que hoje temos cristãos que acreditam piamente
que um bom cristão não pode ser de esquerda (implicitamente isto
quer dizer que tem de ser de direita), ser contrário a um Estado
forte e presente, ser um defensor não apenas do capitalismo, mas do
self made man – o homem tem de progredir pelo seu próprio
esforço e qualquer tentativa de auxiliá-lo o transformará em um
preguiçoso.
Nos
EUA é ainda pior: muitos acham que um bom cristão tem de defender o
porte (e o uso) de armas pelos civis, ser favorável a intervenção
militar dos EUA em qualquer canto do planeta e que poluição jogada
na atmosfera pelas indústrias não influenciam as mudanças
climáticas que já estamos passando.
E
quanto a esquerda? Vamos mais uma vez ao Wikipédia:
“a
esquerda é considerada a posição que geralmente implica o
apoio a uma mudança do enfoque social, do governo em exercício, com
o intuito de criar uma sociedade mais igualitária.
O
espectro da esquerda política varia da centro-esquerda à
extrema-esquerda. O termo centro-esquerda descreve uma posição
ligada à política tradicional. Os termos extrema-esquerda e
ultra-esquerda se referem a posições mais radicais, como os grupos
ligados ao trotskismo e comunismo de conselhos. Dentre os grupos de
centro-esquerda estão os social-democratas, progressistas e também
alguns socialistas democráticos e ambientalistas (em particular
eco-socialistas, esses no sentido tradicional. O centro-esquerda
aceita a alocação de recursos no mercado de uma economia mista, com
um setor público significativo e um setor privado próspero.
Integrantes
da esquerda costumam ser liberais nos costumes, alinhando-se a alguns
grupos de direita, como os libertários, por exemplo. Tanto liberais
de esquerda como de direita defendem a regulamentação da união
civil homossexual, a descriminalização do aborto, a legalização
das drogas e outros temas controversos. Há, porém, aqueles que,
embora defendam propostas de esquerda em relação à economia
(intervenção estatal direta no combate à pobreza) e à política,
são conservadores nos costumes.”
Como
podemos ver, do ponto de vista ideológico, há uma verdadeira salada
para todos os gostos.
Diferentemente
das igrejas pentecostais, muitos integrantes das igrejas católica e
das igrejas protestantes históricas se sentem mais à vontade com o
ideário da esquerda, participando ativamente, inclusive de diversas
ações sociais em defesa dos menos favorecidos.
Mas
a Bíblia diz que não podemos servir a dois senhores. O problema é
quando a ideologia que acreditamos entra em choque com aquilo que a
Bíblia ensina. Quando isto acontece, podemos perceber claramente que
para que lado vai o coração de alguns cristãos:
Já
tive o desprazer de ler um artigo de um ulta conservador defendendo
que a escravidão, embora errada, pelo menos possibilitou que os
negros pudessem conhecer o evangelho e se converterem. Não teria
sido mais fácil ter enviado missionários para a África do
mercadores de escravos? O articulista que escreveu esta pérola se
apresenta como um defensor da fé cristã, mas uma leitura acurada de
seus textos percebe-se que ele na verdade, defende o
ultraconservadorismo norte-americano. O cristianismo é apenas um
artifício para isto.
Também
já li notícias acerca de líderes de igrejas históricas não
apenas defendendo como até mesmo consagrando pastores e bispos
homossexuais, alegando que os tempos mudaram e a igreja hoje tem de
ser inclusiva. Mas o que fazer com o texto bíblico que diz que os
sodomitas ficarão de fora do reino dos céus? Riscar de suas
Bíblias? Pular o versículo de forma envergonhada? Ou dizer que Deus
se enganou ou estava errado quando inspirou a escrita deste texto?
Li
certa vez um artigo que chegou ao cúmulo de supor que uma coleta de
mantimentos para os irmãos necessitados na igreja de Jerusalém no
século I seria a causa dela ter passado por uma fome que levou a que
as igrejas de outras cidades a socorressem também com mantimentos.
Não há nenhuma base bíblica, histórica ou arqueológica que
sustente este ponto de vista. Mas para quem defende o self made
man, ver a própria Bíblia descrevendo não uma esmola
individual mas uma prática sistemática da igreja de apoio social é
visto como contraditório a sua crença ideológica, e é preferível
distorcer ou mesmo extrapolar o texto bíblico do que abrir mão
desta convicção política.
Em
um órgão de imprensa ligados a igrejas históricas de clara
tendência de esquerda, leio notícias de apoio explícito a governo
totalitários como o de Cuba e o da Venezuela e uma crítica intensa
contra governos de direita, mesmo que democráticos. Mas ignoram
completamente o impedimento da blogueira cubana Yoani Sánchez de
sair da ilha ou a perseguição que Hugo Chávez da Venezuela e
Rafael Correa do Equador fazer à imprensa sem seus países. Dois
pesos e duas medidas, quando a Bíblia exige de nós seguirmos a reta
justiça.
Em
todos os exemplos acima, pinçados das mais variadas vertentes
políticas o que vemos é a manipulação, consciente ou não, da fé
cristã em nome de uma ideologia política.
Jesus
Cristo disse que não se pode servir a dois senhores. E ele disse
isto citando explicitamente às riquezas, fato este que o defensores
do ideário da direita procuram esquecer. Porém, quando Judas
reclamou de uma mulher ter gasto um caríssimo bálsamo despejando-o
sobre Jesus, Ele retrucou dizendo que “os pobres sempre tereis
convosco”, fato este que a esquerda também tenta esquecer,
acreditando que por meio de revoluções políticas alcançaremos a
justiça social.
Se
cremos que o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo é a expressão
de um pensamento divino e, por consequência, perfeito e eterno,
então ele não deve ser usado como muleta para o apoio desta ou
daquela ideologia pois estas são humanas e, portanto, falíveis e
passageiras.
Entre
minha fé e minhas convicções políticas, fico com a minha fé.
Afinal, para onde eu quero ir não é nem pela esquerda e nem pela
direita que se chega lá. É pelo alto.
Muito obrigada pelo comentário na Guerreiros de Deus,Robson,vindo de quem ganhou o Prêmio Areté em 2007, é um elogio de peso. O Moebius é fantástico mesmo. E sim, é um desafio fazer a Guerreiros, mas estamos vencendo e em abril sai a versão impressa.Gostaria muito de ver vc no lançamento da revista no Rio de janeiro.
ResponderExcluirAbç
Paz!