sábado, 12 de abril de 2014

Adulteens - Uma geração mentalmente adolescente





O que diferencia um adolescente de um adulto? Muitas coisas, inúmeras até. Mas podemos enumerar algumas.

Adolescentes - pelo menos a maioria deles - tem a dificuldade de pensar em longo prazo, se concentrando em apenas “viver o momento”, em experimentar sensações e prazeres novos sem se preocupar com as consequências (algumas vêm nove meses depois) e a acreditarem que alguma força invisível os irá proteger de qualquer mal ou consequência de seus próprios atos impensados. Alguns adolescentes e jovens tem um bela característica especial: são inconformados. Defendem com ardor quase fundamentalista as causas que consideram justas.

Já os adultos - pelo menos a maioria deles - tem com principais características a maturidade, o pensar além, a capacidade de assumir responsabilidades e de assumir as consequências (inclusive penais) por suas atitudes.

Pelo menos assim costumava ser. Costumava.

Tenho a impressão de que o liberalismo, o hedonismo e o comodismo (que levou uma multidão de jovens a continuarem na casa de seus pais – a geração canguru) transformaram a atual geração de adultos em adolescentes de 25 anos de idade ou mais. Difícil de acreditar? Bem, vamos a alguns exemplos:

Integrantes de banda punk Pussy Riot são condenadas na Rússia
O grupo de três jovens artistas ousou fazer o impensável: em fevereiro, elas fizeram uma performance de protesto contra Putin dentro de um dos locais mais sagrados da principal igreja de Moscou, a Catedral de Cristo Salvador.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/08/120818_pussyriot_putin_pai.shtml


Na leitura da sentença, a juíza Marina Syrova afirmou que Maria Alyokhina, 24, Nadezhda Tolokonnikova, 22, e Yekaterina Samutsevich, 29, ofenderam os sentimentos dos fiéis ortodoxos e demonstraram uma "completa falta de respeito".
As acusadas alegaram que o protesto foi dirigido ao líder da Igreja Ortodoxa da Rússia por seu apoio a Putin.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/ultimas_noticias/2012/08/120817_pussy_riots_lgb_rn.shtml


Ativista do Femen simula aborto em igreja de Paris
Uma ativista que disse pertencer ao grupo feminista Femen simulou nesta sexta-feira um aborto, antes de urinar em frente ao altar da igreja da La Madeleine, em Paris, indicaram fontes concordantes, no dia seguinte a uma ação parecida na Praça de São Pedro.
A ativista, com os seios expostos, se dirigiu para o altar na manhã desta sexta-feira no momento que cerca de dez integrantes de um coral ensaiavam.
Segundo o padre, a jovem depositou um pedaço de fígado de boi representando um feto antes de urinar nas escadas do altar.
http://noticias.br.msn.com/ativista-do-femen-simula-aborto-em-igreja-de-paris


Manifestantes quebram imagens sacras na Praia de Copacabana
Manifestantes que participam da "Marcha das Vadias" na tarde deste sábado quebraram imagens sacras na Praia de Copacabana, onde milhares de peregrinos aguardam o início da vigília da Jornada Mundial de Juventude (JMJ). A ação partiu de um casal que estava pelado, tampando os órgãos sexuais com símbolos religiosos, como um quadro com a pintura de Jesus Cristo. Esculturas de Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora de Fátima foram destruídas. Em um ponto do protesto, eles juntaram cruzes, jogaram camisinhas em cima e começaram pisar nos artigos religiosos. Um dos manifestantes chegou a botar um preservativo na cabeça de Nossa Senhora.
http://oglobo.globo.com/rio/manifestantes-quebram-imagens-sacras-na-praia-de-copacabana-9220356#ixzz2yckozavU


Rússia atenua acusações contra ativistas do Greenpeace detidos no país
A Rússia atenuou nesta quarta-feira as acusações contra um grupo de 30 ativistas do Greenpeace detidos durante um protesto em uma plataforma de petróleo no Ártico em 18 de setembro. Entre os acusados está a brasileira Ana Paula Maciel.
O processo inicial por pirataria foi substituído pela acusação de vandalismo. Em teoria, a mudança reduz a duração da pena de 15 anos para sete anos de prisão no caso de uma condenação.
Ativistas brasileiros do Greenpeace afirmaram que dizer que os ativistas são culpados de vandalismo é "uma acusação igualmente absurda". A entidade afirmou que contestará a ação da Justiça russa.
Os ativistas estavam no navio Artic Sunrise, que foi capturado por forças de segurança russas depois que membros de sua tripulação tentaram escalar uma plataforma de petróleo.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/10/131023_greeenpeace_vandalismo_lk.shtml


O que todos estes fatos nos mostram? Adultos buscando os holofotes dos meios de comunicação por meio de atitudes bizarras ou mesmo polêmicas em defesas das mais diversas causas – algumas nobres, outras nem tanto – agindo muitas vezes com agressividade e completa falta de respeito com outras pessoas. Mas se seu ato é criticado ou mesmo penalizado pela quebra de alguma lei, agem como crianças, protestando indignados contra “o autoritarismo que viola o direito da livre expressão”.

O mais curioso disto tudo é que são pessoas liberais e cultas armadas de um fervor fundamentalista e uma postura autoritária, protestando e agredindo pessoas e instituições acusando-as de serem elas as fundamentalistas e autoritárias, em uma típica prática da máxima de que “os fins justificam os meios”. E como acreditam que o fim é justo, não acham que deviam ser punidas pelos meios que utilizaram. E o mais louco é que há gente séria que concorda com isso:
Especialistas afirmam que não há crime em beijo gay em culto
Professores de Direito ouvidos pelo jornal O Globo afirmam que as jovens que foram parar na delegacia após se beijarem em evento evangélico em que estava presente do deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) não devem ser enquadradas no crime de perturbação a culto religioso. No domingo, duas jovens de 20 e 18 anos participavam de um protesto no evento V Glorifica Litoral em uma praça pública de eventos em praia de São Sebastião (SP) e deram um beijo na boca perto do palco. Ao microfone, Feliciano, que é pastor e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, disse que a Polícia Militar deveria “dar um jeito nas meninas” e afirmou que elas deveriam sair dali algemadas. Depois, chamou as jovens de “cachorrinhos”.
http://oglobo.globo.com/pais/especialistas-afirmam-que-nao-ha-crime-em-beijo-gay-em-culto-9996569#ixzz2ycmmKaYi

O beijo destas duas moças não foi um ato de carinho, mas um ato de protesto planejado, como elas mesmas confessaram posteriormente, para tumultuar o culto público onde estava presente o polêmico pastor e deputado federal Marco Feliciano. Um detalhe: um beijo de um casal hétero no meio de um culto é tão mal visto pelos fiéis quanto um beijo homossexual. Culto não é lugar de namoro. Ponto.

É curioso. Sob a desculpa da liberdade de expressão, eu posso interromper um evento – uma atitude totalitária – chocar e ofender as pessoas presentes – um ato agressivo – mas se tentarem me responsabilizar legalmente pelo o que eu fiz, digo que totalitário são os outros que estariam me perseguindo, que não posso ser responsabilizado pelo o que eu fiz pois tenho o direito quase sagrado de me expressar. E boa parte dos meios de comunicação vão reverberar mais a minha opinião do que a do agredido. Por quê? Porque a minha agenda de reivindicações é a mesma de boa parte da grande imprensa.Não é justo, mas é assim que é.

O problema é que há uma falácia neste argumento. A Constituição nos garante o direito de nos expressarmos livremente, mas não garante a impunidade desta expressão. Um deputado federal pode se expressar livremente no plenário da Câmara, mas se ele arrancar suas roupas e ficar nu no plenário como um ato de protesto contra qualquer coisa, será processador por quebra de decoro parlamentar. Se um racista expressar livremente seu racismo será processado. Se um fascista fizer a saudação nazista e se expressar contra os judeus será processado. É a lei. E a lei está certa.

Mas os adulteens querem fazer o que bem entendem sem nunca serem responsabilizados por seus atos como se adolescentes fossem. Sinto muito, não são mais. São homens e mulheres adultos, mesmo que ainda morem na casa de seus pais, buscando notoriedade para satisfazer seu ego infantilizado, sentido-se como defensores de uma causa nobre, mesmo que para isso tenham de invadir, ofender e chocar pessoas inocentes. Afinal, suas causas tem de ser defendidas com um fervor quase religioso, doa a quem doer. Se isto não é ser fundamentalista e totalitário, não sei mais o que é.

Mas como cobrar coerência de adolescentes, não é mesmo?

Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino. I Co 13.11