quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Liberdade de Expressão ou Ditadura da Mídia?


Liberdade de Expressão ou Ditadura da Mídia?


O que é dogma? Segundo o Wikipedia, é “uma crença estabelecida ou doutrina de uma religião, ideologia ou qualquer tipo de organização, considerado um ponto fundamental e indiscutível de uma crença”.

Embora a sociedade ocidental na qual vivemos possa ser tudo menos religiosa, ela possui seus dogmas e um dos mais fortes, inclusive sendo intensamente defendido e propagado pela indústria cultural é o dogma da liberdade de expressão.

Não estou aqui para defender a censura nem a restrição ao direito de livre manifestação, fundamentais em uma sociedade democrática, mas para alertar quando a má interpretação de um direito torna toda uma sociedade refém de pessoas más intencionadas. Dois fatos ocorridos recentemente servem de ilustração para o que eu quero dizer.

Meses atrás um polêmico filme foi selecionado para passar em um festival de cinema no Rio de Janeiro. A obra intitula-se “A Serbian Film”. Segundo o diretor, é uma metáfora para a realidade política da Sérvia, mas não é nada disso que se vê na tela. Segundo a Folha de São Paulo noticiou em 18/07/2011:

“Não que se possa culpar alguém por não gostar de "A Serbian Film". O longa tem incesto, pedofilia, necrofilia, violência a granel (incluindo dois assassinatos em que a arma é um pênis) e, em seu momento mais polêmico e chocante, o estupro de um recém-nascido.”

O que dizer de um filme como esse? Que tipo de mente degenerada imagina, roteiriza, filma e assiste a este tipo de podridão? Quando li sobre a cena do recém-nascido, senti raiva, muita raiva por alguém conceber tal nível de profanação. Não consigo imaginar nada mais pŕoximo da santidade celestial do que a pureza de um bebê.

Obviamente, este filme gerou polêmica por onde passou (ou tentou passar). Ainda segundo a Folha, ele é o filme mais censurado dos últimos 16 anos no Reino Unido (só foi liberado para exibição após 49 cortes). Na Noruega, está vetado; na Espanha, rendeu um processo ao diretor do festival que o exibiu. Também teve problemas com a lei na Alemanha (onde o laboratório que fez as cópias as destruiu após se dar conta do conteúdo) e em seu país de origem, a Sérvia.

E em nosso Brasilzão?

Enquanto lá na Inglaterra, aquele país retrógrado, aquela ditadura de terceiro mundo, uma republiqueta de bananas, o filme somente foi liberado após mais de 40 cortes, aqui, antes que alguém botasse a boca no trombone, este filme estava passando em festivais antes mesmo de ter a sua classificação etária definida!

Quando alguém suspendeu judicialmente a exibição do filme, logo se levantaram defensores da liberdade de expressão, dizendo que cabia ao cidadão decidir o que queria ver ou não. Pouco importava o tipo de devatação mental que um filme como esse possa causar em mentes pouco equilibradas. Sim, porque acho difícil acreditar que pessoas mentalmente sãs queiram assistir a um filme como este. Também não importa que o órgão competente tivesse assistido para definir qual a faixa etária que poderia assistir a este filme.

Tem alguém errado nesta história, ou a Inglaterra ou o Brasil, e eu não acho que seja a terra da rainha.

Um outro fato que chocou meio mundo foi o comentário infeliz do apresentador e dublê de humorista Rafinha Bastos que no programa CQC exibido pela TV Bandeirantes no dia 19/11/11 ao ouvir o comentário de Marcelo Tas de que a cantora Vanessa Camargo estava bonitinha grávida afirmou que “comeria ela e o bebê”.

Obviamente, tal afirmação gerou uma enorme polêmica em todo o país. Até mesmo seu colega de bancada no CQC, Marco Luke, se pronunciou publicamente repudiando a “piada” de Rafinha Bastos. Mas não ficou só nisto. A direção da Band afastou-o do CQC e ele ainda está sendo processado pela cantora Vanessa Camargo.

Como já era de se esperar, vozes se levantarma em defesa de Rafinha Bastos, dizendo que ele estava sendo vítima de uma Inquisição, que o que ele fez era apenas uma piada, um comentário inconsequente, deveriam se preocupar com coisas mais sérias, como a corrupção na política, que tal perseguição era censura, etc.

Muitos outros casos de exposição de imagens e palavras violentas, ultrajantes, pejorativas, preconceituosas ou mesmo pornográficas tanto na TV quanto no rádio ou na mídia impressa poderiam ser citados. Alguns casos clássicos, foram o quadro "Banheira do Gugu", as letras do grupo É o Tcham e qualquer coisa que seja mostrada no programa Pânico da TV, sempre exibidos na TV brasileira em horários bem familiares. 

Vivemos uma situação surreal na qual em nome da defesa da liberdade de expressão devemos tolerar qualquer tipo de lixo que seja despejado pelos meios de comunicação, como se a exposição a este tipo de degradação não fosse prejudicial a formação de nossa sociedade.  

Tudo isto nos leva a algumas questões sobre liberdade de expressão:

1) O humor sempre se utilizou do exagero, da estereotipia e da generalização para fazer graça. Por isso, também foi muito (e ainda é) muito utilizado para propagar e difundir preconceitos tanto sociais quanto até mesmo raciais;

2) Liberdade de expressão é diferente de Impunidade. Você é livre para dizer o que quiser e sofrer as consequências positivas e negativas do que disse. Entre as negativas está a possibilidade de vir a ser condenado judicialmente se o que você disse for ofensivo, discriminatório ou uma mentira;

3) A lei não abre exceção para comentários que se pretendam de cunho humorístico;

4) Rafinha Bastos fez um comentário de mau gosto citando nominalmente uma pessoa e seu filho ainda em gestação. Se a pessoa se sentiu moralmente ofendida ela tem o direito legal de processá-lo;

5) Achar que punir comentários ofensivos ou proibir que palavrões ou cenas de sexo sejam mostrados na TV aberta às 14h da tarde é uma censura ao direito da livre expressão é tão sem sentido quanto crer que um sinal vermelho em um cruzamento é uma censura ao seu direito de ir e vir. Nos dois casos, a lei tem a função normatizar o uso dos direitos para que o direito de um não prevaleça sobre o direito de outros e que não ocorram choques.

Devemos tomar cuidado para que o direito da liberdade de expressão não se torne em um poder ditatorial nas mãos de uns poucos que controlam os meios de comunicação nos impondo goela abaixo qualquer tipo de lixo cultural em busca de mais audiência.

A prática é sempre a mesma: Tentam abafar qualquer crítica que exija mais qualidade daquilo que é produzido e veiculado com um discurso falso de defesa da liberdade (deles) de expressão do que lhes é mais conveninente.

E lá vai a gente engolindo lixo para não ser taxado de reacionário ou de totalitário.

Que conselhos a Bíblia pode nos dar neste caso? Há dois, um no Antigo testamento e outro no Novo Testamento, mas que se complementam tão perfeitamente que poderiam ter sido escritos em sequência:

Não porei coisa má diante dos meus olhos.” Sl 101.3
Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.” Filipenses 4:8

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Confesso: sou um fundamentalista



Recentemente, o mundo se chocou com mais um ato de barbárie cometido por um homem contra seus semelhantes. Desta vez, na próspera e civilizada Noruega, explosões destruíram um prédio público e poucas horas depois, jovens e adolescentes que estavam em um evento organizado por um partido político em uma ilha foram impiedosamente massacrados por um único homem, que disparou suas armas contra eles, fazendo mais de setenta vítimas inocentes.

Em um primeiro momento, órgãos de imprensa cogitaram a possibilidade do ataque ter sido promovido por grupos fundamentalistas islâmicos, visto que tropas norueguesas fizeram parte da coalizão no Afeganistão, mas logo a surpreendente verdade veio à tona: o terrorista não era um barbudo de turbante mas sim um homem alto, loiro, de olhos azuis e norueguês!

Anders Behring Breivik, 32 anos, foi descrito pela imprensa como um fundamentalista cristão, que durante alguns anos havia sido ligado ao Partido do Progresso, um partido de direita. Com forte posição xenófoba, ele era contrário a presença de estrangeiros, especialmente muçulmanos não apenas na Noruega mas em toda a Europa.

Em seu manifesto de 1.518 páginas divulgado na Internet, Breivik, citou o Brasil como um "catastrófico" exemplo de miscigenação que não deve ser seguido. Ele defende que os conservadores europeus se unam através de uma combinação de "luta armada e democracia" para combater o avanço da miscigenação nos próximos 70 anos. Caso contrário, o continente seguiria um modelo de "bastardização, muito similar ao do Brasil"

A imprensa divulgou também fotos dele armado e vestindo roupas de estilo militar, algo muito comum entre os adeptos da direita radical e racista. Mas qual a fonte da informação de que o monstro assassino seria um “fundamentalista cristão”?

Até o momento, a única informação minimamente próxima a isto está no seu perfil do Facebok, onde ele se diz 'conservador', 'cristão', interessado pela caça e por jogos como 'World of Warcraft' e 'Modern Warfare 2'. Aparentemente, a imprensa associa o termo “fundamentalismo” a radicalismo, intolerância, violência. O problema é que uma coisa não tem nada a haver com outra. 

O que é então, fundamentalismo?

Segundo o Wikipedia, Fundamentalismo é a estrita aderência a um conjunto específico de doutrinas teológicas tipicamente em reação à teologia do Modernismo. O termo "fundamentalismo" foi originalmente designado por seus defensores para descrever uma lista específica de credos teológicos que se desenvolveu em um movimento na comunidade protestante dos estados Unidos na primeira parte do século XX.

O termo desde então tem sido generalizado para significar a forte aderência a qualquer conjunto de credos em face do criticismo ou impopularidade, mas tem mantido suas conotações religiosas.
Fundamentalismo como um movimento surgiu nos Estados Unidos, começando entre os conservadores teólogos Presbisterianos na Seminário Teológico de Princeton no final do século XIX. Isto logo se espalhou entre conservadores Batistas e outras denominações por volta de 1910-1920. O propósito do movimento era de reafirmar antigas crenças dos cristãos Protestantes que zelosamente a defendem contra a teologia liberal, alto criticismo, Darwinismo, e outros movimentos que consideram como ameaçadores ao cristianismo.

A primeira formulação das crenças do fundamentalismo americano podem ser ligadas à Conferência Bíblica de Niagara e, em 1910, à Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana cuja doutrina se gerou o que ficou conhecido como os "cinco fundamentos":

·      A inspiração da Bíblia pelo Espírito Santo e a inerrância das escrituras como resultado disto.
·      O nascimento virginal de Cristo.
·      A crença de que a morte de Cristo foi a redenção para o pecado.
·      A Ressurreição de Jesus.
·      A realidade histórica dos milagres de Jesus.

Apenas recentemente o termo fundamentalista começou a ser difundido fora dos círculos teológicos e ganhou uma conotação bem distinta de seu significado original, especialmente quando passou a ser utilizado em alusão aos atos terroristas praticados por radicais islâmicos.

Por isso, Anders Behring Breivik em hipótese alguma pode ser classificado como um fundamentalista cristão pois suas ideias e crenças são claramente contrárias aquilo que a Bíblia ensina pois, como vimos acima, um fundamentalista cristão crê na inspiração da Bíblia pelo Espírito Santo e a inerrância das escrituras e nela está escrito:

Êxodo cap. 02 vers. 13: “NÃO MATARÁS”.
Anders Behring Breivik matou a sangue frio mais de 70 pessoas inocentes.

Colossenses cap. 3 vers. 11: “Onde não há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; MAS CRISTO É TUDO EM TODOS”.
Anders Behring Breivik possui um profundo ódio por estrangeiros e outras culturas.

Zacarias cap. 4 vers. 6b: “NÃO POR FORÇA, NEM POR VIOLÊNCIA, MAS PELO MEU ESPÍRITO, DIZ O SENHOR DOS EXÉRCITOS”.
Anders Behring Breivik crê na violência como motor propulsor de mudanças.

Diferentemente do que ele mesmo postou em sua página no facebook, Breivik não é um cristão, muito menos fundamentalista, simplesmente porque suas ações não estavam fundamentadas no cristianismo, mas sim em filosofias racistas e na prática de que os fins justificam os meios. Para ele, ser cristão seria meramente um dado cultural a mais da tradição dos povos brancos da Europa a ser protegida da invasão bronzeada de populações islâmicas.
Mas ele está errado. Cristianismo não tem cor, nem língua, nem está culturalmente atrelado a nenhum povo. Ao longo dos últimos 20 séculos a mensagem do evangelho tem se adaptado a qualquer povo, língua, cultura, etnia ou sistema de governo justamente porque ela está acima destas questões humanas. Evangelho não é folclore, é uma divina mensagem de vida para todos.   

Por fim, se este infeliz fosse de fato um cristão fundamentado na palavra de Deus, conheceria o que está escrito em Colossenses cap. 2 vers. 8:

“TENDE CUIDADO PARA QUE NINGUÉM VOS FAÇA PRESA SUA, POR MEIO DE FILOSOFIAS E VÃS SUTILEZAS, SEGUNDO A TRADIÇÃO DOS HOMENS, SEGUNDO OS RUDIMENTOS DO MUNDO E NÃO SEGUNDO CRISTO.”

Por tudo o que foi colocado aqui, posso afirmar com a maior tranquilidade e paz na alma: eu sou um fundamentalista cristão; minha fé está alicerçada em uma rocha que jamais será abalada e quem crer nela, jamais será confundido: Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Estado laico ou Estado ateu?




Segundo a Wikipédia, o laicismo é uma doutrina filosófica que defende e promove a separação do Estado das igrejas e comunidades religiosas, assim como a neutralidade do Estado em matéria religiosa.
Os valores primários do laicismo são a liberdade de consciência, a igualdade entre cidadãos em matéria religiosa, e a origem humana e democraticamente estabelecida das leis do Estado.
A separação entre Igreja e Estado, diferente do que muitos podem pensar, não foi uma iniciativa da Revolução Francesa, mas sim uma consequência da liberdade de pensamento oriunda da Reforma Protestante:

Mais do que quaisquer outros grupos religiosos dos sécs. XVII e XVIII, os de convicção batista patrocinaram o conceito de que a consequência lógica da doutrina da liberdade religiosa era o princípio da separação entre a igreja e o estado. Com base em passagens como Mt 22:15-22 e Rm 13:1-7 eles argumentaram que esse era o único meio de salvaguardar a liberdade religiosa e o sacerdócio dos crentes. Com isso eles queriam dizer que o estado não tinha o direito de interferir nas crenças e práticas religiosas dos indivíduos e das igrejas, e que a igreja, por sua vez, não tinha o direito de receber qualquer sustento financeiro do estado. Receber verbas públicas era abrir as portas para o controle governamental e a perda da identidade religiosa.”
Fonte: Matos, Alderi Souza de, IGREJA E ESTADO: UMA VISÃO PANORÂMICA

Mas não foi uma caminhada fácil. Na velha Europa, as monarquias absolutistas apoiavam o catolicismo enquanto monarquias constitucionais apoiavam o protestantismo como religião oficial e, em contrapartida, recebiam deste o apoio na forma de que a sua linhagem real era a escolha de Deus para dirigir perpetuamente a nação. Mesmo aqui no Brasil, D. Pedro I jurara fidelidade à Igreja Católica porque assim o exigia a Constituição Imperial de 1824.

Este conceito foi se aperfeiçoando com o passar do tempo e com a progressiva substituição do regime monárquico pelo republicano, no ocidente, o padrão é o estado laico, isto é questões religiosas não são assunto de governo, nem cabe a estes privilegiarem certas igrejas em detrimento de outras.

Em tese é isto que deveria acontecer.

Na prática porém, costuma ocorrer dois extremos. De um lado, políticos ligados a grupos religiosos, ao invés de criarem leis sobre educação segurança e saúde, se preocupam em instituir datas e feriados como Dia do Evangélico ou Dai de São Jorge. De outro, pessoas tentam proibir a utilização de símbolos religiosos ou mesmo a cercear o direito de expressão baseadas em fé, não apenas em repartições governamentais, mas em qualquer espaço público.

A restrição a exposição religiosa e até mesmo da manifestação de opinião baseada em motivações religiosas em nome de um pretenso respeito a minorias de outras religiões ou mesmo não-religiosas é uma falácia. Seu objetivo é restringir toda e qualquer atividade religiosa à vida privada e, no máximo, às quatro paredes dos templos.

Não parece, mas vivemos em uma ditadura. A ditadura do "politicamente correto". Em alguns países já não é mais considerado correto se dizer Feliz Natal, mas sim Happy Holiday. A justificativa para estes esdrúxula mudança está falsamente justificada na premissa de não se ofender outras religiões, incluindo aí os ateus. O falecido articulista Fausto Wolff afirmava que esta homogenização é fascista. Eu concordo e vou um pouco mais além: homogenização em que?

Na verdade, as elites das civilizações ocidentais caminham rapidamente para uma mudança de paradigma. Elas estão deixando de ser sociedades alicerçadas em valores cristãos para se transformarem em sociedades pós-cristãs. E este é um movimento de cima para baixo.

As chamadas elites destas sociedades, especialmente na Europa e agora, com mais força nos EUA, veem a religião não mais como um folclore ou um dado cultural, como até pouco tempo viam, mas a sim como um inimigo, um empecilho ao desenvolvimento da raça humana.

Esta visão de mundo levou a Dinamarca ao caminho contrário: lá foram publicadas charges ofensivas aqueles que professam a fé islâmica. Por que fizeram isso? Porque na gélida Europa, a fé foi reduzida a folclore e não passaram pela cabeça deles que para a maioria dos povos do planeta, fé não é conto da Carochinha, mas sim uma visão de mundo que envolve não apenas suas crenças mas também seus sentimentos mais profundos e que alguém pudesse se sentir ofendido por uma crítica a algo tão arcaico quanto a fé.

Quando os protestos começaram, jornalistas do mundo inteiro se levantaram contra este "atentado a liberdade de expressão" A mim me pareceu um conflito entre dois dogmas: um lado exigindo o direito ao respeito por aquilo que creem, o outro exigindo o direito de falar e escrever o que bem entender e ao restante dos pobres mortais cabia o direito de bater palmas para o que eles produzem.

Pelo o que percebi, o direito de expressão é apenas para quem publica o que quer, ofendendo quem quer que seja, o ofendido não tem direito de também expressar livremente seus protesto contra o que foi publicado, afinal, para ser religioso em pleno século XXI, só sendo um fanático e, desta forma, sua opinião é irrelevante.

Com isto, pipocam textos em revistas conceituadas, no Brasil e no mundo, onde articulistas reconhecidos por sua argúcia e sabedoria, de forma nem sempre sutil, tratam de intelectualmente inferiores aqueles que nos dias de hoje ousam crer em algo transcendente ou espiritual. Se este algo se chamar Deus ou Jesus Cristo, pior, tais pessoas são homens de Neanderthal ou mesmo um Osama Bin Laden em potencial.

Não é de hoje que isso ocorre. Anos atrás, na Itália, foi proposto um projeto de lei proibindo a presença de crucifixos nas escolas, argumentando que a imagem ofenderia não-católicos. Inesperadamente, a defesa da presença do crucifixo veio de um deputado comunista, que alegou que Jesus representava muito mais do que uma religião, mas um exemplo de fé, amor ao próximo e de luta contra a opressão dos poderosos.

A alguns anos, na França, foi promulgada uma lei proibindo alunos de ostentarem adereços religiosos na escola por ser esta um espaço laico. A escola uma espaço laico, o aluno não. E o direito a liberdade de expressão do aluno, agora não vale? Foi uma lei feita sob encomenda para proibir alunas muçulmanas de usarem o shador. Mas também afeta judeus de usarem o quipá, cristãos de usarem o crucifixo ou de portarem uma Bíblia. Qual será o próximo passo? Proibir de utilizarem uma camisa de Che Guevara ou do Obama?

Ao longo do século XX, a fé no espiritual e a religião foram sistematicamente expulsas da sociedade ocidental e, sem a sua base moral e ética, a decadência veio muito rapidamente. Porque junto com a fé vem a consciência de que somos mais do que meros homo sapiens (mais homo do que sapiens), de que quando as pessoas se apaixonam, duas almas se tocam e se completam, e não apenas "rolou uma química". Não. Nós somos mais do que simples moléculas de carbono. Nós temos sensibilidade, e o que é a sensibilidade senão a manifestação da alma? A arte é filha da alma e a alma não está presa a moléculas de carbono. Viver é mais do que simplesmente existir. Por isso a Vida é sagrada e inviolável. É isso o que nos faz humanos, mas isto também é um empecilho para o avanços da ciência, pois é necessário que sejamos reduzidos a condição de ratos de laboratório para que possamos ser manipulados e as fronteiras do conhecimento se expandam. Mas a que preço?

O que muitos humanistas não perceberam é que quanto menos espiritualizada for nossa sociedade, menos humana ela também o será pois o espírito é inerente a natureza humana. Se não há transcendência, a vida se torna fútil e vazia, e a sociedade individualista, hedonista e materialista. Campo perfeito para que as Paris Hilton ou as Britney Spears e Lady Gagas da vida se tornem referências. Quanto tempo durará uma sociedade assim, antes de seu completo esfacelamento? Não importa se nossas elites não creem que temos uma alma, um espírito ou que Deus exista. Independente do que venhamos a crer, continuaremos a ter alma, espírito e Deus continuará existindo.

Se nós continuaremos a existir é que eu não sei.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Analisando o discurso homossexual - parte 2

Já vimos na primeira parte deste artigo como o termo homofobia está sendo propositalmente mal aplicado pelos defensores da agenda homossexual. Vamos agora discutir outras duas expressões:

Casal homossexual – Em respeito a norma culta da língua portuguesa, isto não existe, a não ser que este casal seja constituído de um homem homossexual casado com uma mulher lésbica. Como diz o dicionário:

sm (casa+al3) 1 Pequeno povoado. 2 Pequena propriedade rústica. 3 Par composto de macho e fêmea, de homem e mulher. C. de urdideira: o mesmo que urdidor.
Fonte: Michaelis online

Um casal é composto de um homem e uma mulher, ponto. E não precisa nem estarem casados ou terem algum envolvimento romântico para isto. Quantas vezes já ouvimos velhos conhecidos que se reencontram perguntando: “E aí fulano, casou, tem filhos?” E o outro responde: “Casei, sim. Tenho dois, um casal.” O que ele quis informar com a palavra “casal”? Que seus dois filhos cada um tem um sexo diferente: um é menino e o outro é menina.
Na língua portuguesa, quando nos referimos a duas pessoas do mesmo sexo juntas em uma mesma atividade, o termo usado é “dupla”. Vamos mais uma vez ao dicionário:

num (de duplo) gír 1 Grupo de duas pessoas que atuam em comum. 2 Grupo de duas pessoas que andam sempre unidas por laços de amizade ou mancomunadas.

Um típico exemplo são as duplas sertanejas: Xitãozinho e Xororó (dois homens) e As Marcianas (duas mulheres, as quais, apesar do nome, são planeta Terra mesmo).

Ou seja, para defender a sua causa grupos GLBTs, com o apoio dos orgãos de imprensa, tem se esforçado para mudar o próprio significado das palavras da língua portuguesa.
Exceto na ressalva que fiz no início do tópico, não existem casais homossexuais, porém duplas homossexuais, sem dúvida alguma, há muitas.

Podemos perceber que como referência a união entre duas pessoas do mesmo sexo, o uso da palavra “casal” ao invés da palavra “dupla” tem por finalidade reforçar os laços de afetividade que há entre elas e, desta forma, induzir a aceitação do casamento de pessoas do mesmo sexo como legítimo.

Defender um ponto de vista a partir de premissas ou conceituações equivocadas pode ser sinal de ignorância ou de má-fé. Prefiro acreditar na primeira hipótese, mas que é um conveniente equívoco, isto é.

Genocídio de homossexuais – Foi publicado no dia 25/04/2011 no site da TV Atalaia Agora, de Sergipe:

Acontece nesta terça-feira, (26), a partir das 18h30min, no Espaço Semear, o evento "Homofobia em Debate - em busca de soluções" e a exposição "Homofobia em Cartaz".
As palestras serão ministradas pelo fundador do Grupo Gay da Bahia, Luiz Mott, que falará sobre "Homofobia e Genocídio de Homossexuais no Brasil", e pelo professor e pesquisador Marcelo Domingos, falando sobre "Assassinatos de LGBTs em Sergipe".

Um problema que nós temos em nosso querido Brasil é a mania que temos de hiperdimensionar um problema para chamarmos atenção para ele. Se um governo com sua maioria restringe a capacidade da oposição de obstruir votação no Congresso é logo chamado de fascista ou até mesmo nazista. Se bandidos tentam criar tumulto para distrair a atenção da polícia, são chamados de terroristas, e assim por diante. Com este suposto “genocídio de homossexuais no Brasil” não é diferente.

Não há dúvida nem é motivo de discussão o fato de que homossexuais são assassinados no Brasil. Mas está havendo mesmo um genocídio de homossexuais? Aliás, o que significa genocídio? Vamos mais uma vez ao dicionário:

sm (geno+cídio) 1 Sociol Delito contra a humanidade, definido pela ONU. Consiste no emprego deliberado da força, visando ao extermínio ou à desintegração de grupos humanos, por motivos raciais, religiosos, políticos etc.
Link: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=genoc%EDdio

Genocídio ocorre contra grupos inteiros, não contra indivíduos. Ocorreu contra judeus, na Segunda Guerra Mundial, ocorre hoje no Sudão contra cristãos, levando até mesmo a separação do país em dois. Vamos aos números, então, deste genocídio homossexual no Brasil:

Número de assassinatos de gays no país cresceu 62% desde 2007, mas tema fica fora da campanha

Carolina Benevides e Rafael Galdo
RIO - Alçados a tema central da campanha presidencial, o casamento gay, a união civil entre pessoas do mesmo sexo e a criminalização da homofobia têm sido debatidos pelos candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) a partir do viés religioso e sem levar em conta um dado alarmante: o número de homossexuais assassinados por motivação homofóbica cresce a cada ano.
Em 2009, 198 foram mortos no Brasil. Onze a mais que em 2008, e 76 a mais do que em 2007, um aumento de 62%. Os dados são do Grupo Gay da Bahia (GGB), fundado em 1980 e o único no país a reunir as estatísticas. Segundo o GGB, de 1980 a 2009 foram documentados 3.196 homicídios, média de 110 por ano.
Fonte: O Globo

198 homossexuais assassinados no Brasil em 2009. Se comparados ao total da população brasileira, 190 milhões, não parece um número muito impressionante (0,0001%). Mas vamos compará-los com outros grupos sociais:

Números de uma tragédia anunciada: a morte de jovens

A numeralha é monstruosa. Pesquisadores se debruçaram sobre o mapa de homicídios no país para extrair o número de uma tragédia anunciada: 33 mil jovens e adolescentes serão assassinados no Brasil até 2012, se nada for feito para deter a matança. Seria o caso para intervenção preventiva de tropa de paz da ONU, mas infelizmente esses virtuais cadáveres são praticamente invisíveis.
A pesquisa foi feita pelo Laboratório de Análise da Violência da Uerj, com base em dados do Ministério da Saúde e do IBGE, em 267 dos 5 mil municípios brasileiros com mais de cem mil habitantes.
Nessa macabra estatística, o Rio fica em 21º lugar, mas, proporcionalmente, é a terceira cidade mais violenta para a juventude pobre entre as capitais e o primeiro lugar em número absoluto - 3.423 almas de jovens seriam ceifadas pela morte violenta até 2012 (ou seja, em três anos).

3423 jovens da cidade do Rio de Janeiro entre 12 e 18 anos serão ou seriam mortas em 3 anos, o que dá uma média de 1141 por ano. Ou 5,7 vezes o número de homossexuais mortos em todo o Brasil no mesmo período de tempo. Se está havendo um genocídio é de jovens, não de homossexuais.

Mas pretendo reforçar meu agumento com outro grupo social:

Assassinatos de mulheres caem 43,3% no estado

BRASÍLIA. Os assassinatos de mulheres no Rio de Janeiro caíram 43,3% entre 1998 e 2008, segundo dados do Mapa da Violência divulgados ontem. A redução fez com que o estado passasse da 4ª para a 12ª posição no ranking nacional de homicídios de pessoas do sexo feminino. A maior queda foi de São Paulo, que despencou 14 posições. Informações coletadas junto ao Ministério da Saúde mostram que a taxa de homicídios no Estado do Rio caiu de 7,9 para 4,5, por grupo de cem mil habitantes.
...

Em 2008, houve 4.023 mortes violentas de mulheres, sendo 40% dentro de casa. Entre os homens, apenas 17% dos assassinatos foram registrados na residência. O dado reforça a violência doméstica como a principal causa dos incidentes, segundo o coordenador do Mapa da Violência, Julio Jacobo Waiselfisz.

Fonte: O Globo
Link: http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/4/29/assassinatos-de-mulheres-caem-43-3-no-estado/

Comparando os dados, no Brasil morrem violentamente 20,3 mulheres para cada homossexual.

Não importa se a pessoa assassinada é uma mulher, um jovem ou um homossexual. É uma vida humana, portanto preciosa e sagrada. Nada justifica a violência contra quem quer que seja e é dever do poder público prover a segurança da população brasileira. Porém, devemos resistir a tentação de hiperdimensionar um problema real e sério tachando casos isolados entre si de genocídio. Não é esta a solução do problema. Seria a mesma coisa que alguém estar com dengue e falar para o médico que está com câncr para ter prioridade no tratamento. Se receber o tratamento para câncer, morrerá de dengue do mesmo jeito.

Além disto, a opinão pública não teve acesso a origem destes dados. 198 homossexuais são assassinados por ano no Brasil. Isto é fato. Agora, a afirmação de que foram mortos por serem homossexuais é um dado fruto de investigação, ou uma dedução sem provas nem indícios que os confirmem? Sinceramente eu não sei. Segue mais uma notícia:

Travesti usa criança e avó de escudo em MG, mas é morto, diz PM

Ney Rubens
Uma pessoa morreu e duas foram baleadas no início da madrugada desta quinta-feira em Lagoa Santa, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Segundo a polícia, o travesti Felipe Roberto de Freitas Silva, 18 anos, foi surpreendido dentro de casa por dois supostos traficantes que chegaram em uma moto. Ele conseguiu sair da casa e entrar em uma residência próxima, onde usou como escudo uma criança de 2 anos e a avó dela, de 43 anos, mas acabou baleado duas vezes na cabeça e morto.

A menina também foi atingida na cabeça, levada à Santa Casa de Lagoa Santa e, depois, transferida ao Hospital de Pronto Socorro João XXIII, onde permanece em estado grave. A avó foi baleada de raspão na perna e atendida na Santa Casa da cidade.

A polícia afirmou que o travesti tem envolvimento com o tráfico e que o crime foi motivado por um acerto de contas. Os suspeitos, que estavam de capacete todo o tempo, seguem foragidos. O local foi periciado, e o caso é investigado pela delegacia de Lagoa Santa.

Fonte:Terra

http:// http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5125017-EI5030,00-
MG+bebe+e+avo+sao+baleadas+em+suposto+acerto+de+contas.html

Ele foi morto não por ser um homossexual, mas por ser uma pessoa envolvida com o tráfico de drogas. Sua má índole ficou comprovada ao usar uma crinaça e sua avó como escudos humanos. Mas a pergunta é: Será que mortes como essas não fazem parte das estatísticas do “genocídio” de homossexuais no Brasil? Se a resposta for sim, então o número de pessoas que foram de fato assassinadas por sua opção sexual pode ser bem menor do que as 198 divulgadas, mas para alguns pode ser interessante inflar a realidade, ao menos semânticamente, pois a posição de vítima pode colher como frutos leis e programas assistenciais ou ações afirmativas que favoreçam seu grupo.

Não é ético, mas funciona, como as notícias acima, a votação da PL122 e o desenvolvimento do Kit anti-homofobia para crianças do ensino fundamental das escolas públicas sem uma ampla discussão da sociedade tem demonstrado.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Dica de Vídeo 2




“Digo-vos que, se estes se calarem, as próprias pedras clamarão” Lucas 19.40

Quando Cristo disse estas palavras, não se referia a mensagem profética de exortação, mas acerca do louvor que seus discípulos davam à Ele, o que escandalizava os fariseus os quais exigiam que Jesus os mandasse que se calassem.

Porém, elas também se aplicam muito bem quando a Igreja (isto é, nós) abre mão se sua missão profética de ser a consciência do mundo, denunciando o pecado que nos envolve e consome.

Convido-os a ver e ouvir a banda de rock Linking Park cantando um verdadeiro pedido de perdão da humanidade (a Deus?) por tudo o que temos feito com a Criação e com o próximo.
Aliás, “rock” significa pedra.

Se a igreja se calar, as próprias pedras clamarão.

domingo, 22 de maio de 2011

analisando o discurso homossexual - parte 1


A agenda homossexual tem tomado de assalto os meios de comunicação e os formadores de opinião e como uma avalanche incontrolável, tenta impor a aceitação de seu estilo de vida. Em alguns momentos se utilizam de termos e expressões visando tanto atacar quem pensa diferente quanto defender suas posições. Vamos tentar entender o que algumas desta expressões realmente significam. Hoje vamos tratar do termo homofobia.

homofobia – Vamos começar pela definição do termo fobia. Segundo a Wikipédia:

fobia (do Grego φόβος "medo"), em linguagem comum, é o temor ou aversão exagerada ante situações, objetos, animais ou lugares.
Link: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fobia

Popularmente, o termo fobia tem sido utilizado não apenas para questões ligadas ao medo, mas também ao ódio como, por exemplo, a xenofobia, onde pessoas demonstram seu ódio a estrangeiros. 

Porém, no caso da agenda homossexual, o termo “homofobia” ou “homofóbico' está sendo utilizado não apenas em casos de demonstrações reais de ódio contra homossexuais mas para rotular toda e qualquer discordância ou crítica contra a prática da homossexualidade ou a agenda defendida por seus simpatizantes.

Ou seja, por este ponto de vista mesmo que você não possua uma gota de ódio, aversão ou medo de homossexuais, mas não concorde com apenas uma das propostas defendidas por esta agenda, como a união civil de pessoas do mesmo sexo, ou o direito a adoção de crianças ou a punição criminal de quem discordar publicamente da conduta homossexual, você é um homofóbico e, assim sendo, uma pessoa muito perigosa.
 
Esta distorção de conceito não é à toa. Uma das formas mais praticadas de se ganhar um debate não é o confronto franco de ideias mas sim na desqualificação moral de seu oponente. Ao se rotular alguém que pensa diferente de homofóbico, consegue-se obter diversos “pontos”: 

a) você criminaliza seu oponente intelectual;
b) você o intimida, dificultando-o a continuar a expor seu ponto de vista;
c) você desqualifica o argumento dele como fruto de um preconceito, independente dele estar certo ou não;
d) você não precisa defender seu ponto de vista com argumentos para se contrapor à opinião contrária pois ela foi desqualificada.

Como podemos observar, para os defensores da agenda homossexual, um debate real não é desejável, pois ao se jogar todo e qualquer crítica na vala comum do “homofóbico', você não apenas desqualifica seu críticos como pode ainda tentar censurá-lo sem chance de defender legitimamente seus pontos de vista.

Mas toda a crítica é homofóbica, ou seja, é fruto de ódio contra homossexuais? Não. Muitas delas são fruto de tradições, algumas delas milenares. A maioria esmagadora das religiões organizadas não vê a prática da homossexualidade com bons olhos. Tomando-se o cristianismo como exemplo, em seu livro sagrado, a Bíblia, tanto no Antigo Testamento quanto no Novo há passagens colocando a prática homossexual como pecado. Isto é um sinal de ódio contra homossexuais? De modo algum, afinal o mesmo texto bíblico que condena esta prática também condena a glutonaria e o adultério e não há notícia de que glutões e adúlteros se considerem odiados por cristãos.

Há também críticas de outra natureza que não a religiosa. Há estudos acadêmicos sérios sobre o impacto que uma dupla homossexual possa gerar na mente de uma criança por elas criada, seja adotada ou fruto de uma fertilização in vitro? Pode ser que o efeito seja devastador, pode ser que seja completamente nulo. Sabe-se que o ideal é que as crianças tenham o referencial paterno e materno, mas nem sempre isto é possível. Há diversos estudos sobre o impacto negativo que a separação gera na formação dos filhos. Também é inequívoco a falta que faz a figura paterna na vida das crianças criadas unicamente por suas mães, muitas vezes criadas pelas avós. Mas a criação de crianças por uma dupla homossexual ainda é um fato novo e não completamente estudado quanto as suas implicações. 

Portanto, os defensores da agenda homossexual ao classificarem toda e qualquer crítica como homofóbica, estão, na verdade, por meio de uma fraude intelectual, criando um ambiente autoritário para cercear todo e qualquer tentativa de expressão contrária. O nome disto é censura.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Museu antropológico

Não há dúvida que o impedimento de que populações indígenas tenham acesso a troca de experiências com pessoas oriundas de outras culturas, outras cosmovisões e outras crenças é não apenas errada como contrária ao curso natural da História.

Toda e qualquer civilização ao longo da história humana manteve contato com outras sociedades e por meio dele houve troca de experiências, aprendizado mútuo, mudança, e nada disso é ruim.

O nosso sistema numérico é o arábico, nosso alfabeto é latino. Hoje europeus comem pipoca e batata frita porque foram apresentados pelos índios do continente americano ao milho e a batata, inexistentes no velho mundo.

Claro que estes encontros de civilizações nem sempre são pacíficos. Houveram guerras, conquistas e doenças transmitidas, mas o isolamento de populações inteiras não é a solução.

Outro detalhe muito importante é no tocante a fé. Um índio não é uma criança nem tampouco apresenta problemas mentais. É um ser humano adulto, racional e em plenas condições de decidir por si só no que ele quer ou não acreditar. Resumindo: o homem indígena tem o direito da liberdade de pensamento, inclusive de deixar de crer em um religião que não mais explica plenamente o mundo à sua volta e tem todo o direito de adotar uma outra que melhor satisfaça a sua alma. Isto é assunto de foro íntimo e não cabe a FUNAI ou ao governo federal cercear este direito inalienável dele como indivíduo que é.

Mas e a cultura dele? Poderão perguntar alguns. Isto não irá destruir seu folclore, suas tradições? Não. Se assim fosse, os gregos até hoje teriam de adorar a Zeus e a Poseidon e os egípcios a Osíris e Órus. As populações destes países preservam suas tradições e culturas (e ainda lucram bastante com elas por meio do turismo) mas não estão presas a crenças religiosas deste passado. Para um antropólogo, toda religião é folclore, mas para quem nela crê é muito mais do que isto, e o indígena tem o direito de crer no que quiser, assim como o egípcio, o grego ou cidadão que mora em São Paulo ou Rio de Janeiro. Não podemos impor a seres humanos que vivam em um museu antropológico sem que tenham o direito de escolha. Não é justo.

É falacioso o argumento de que o trabalho missionário vai destruir a cultura indígena. Primeiro, como já colocado acima, a crença anterior se transformará em folclore e continuará presente como dado cultural da tribo. Além disto, é preconceituoso acreditar que o índios se vejam como inferiores e por isso a crença do "homem branco" será automaticamente adotada por toda a tribo. Não é o que ocorre. O missionário prega o evangelho para todos. Alguns crêem, outros não, como em qualquer sociedade. Além disto tem sido inestimável o trabalho missionário para preservação da língua indígena por meio da tradução de Bíblias para a língua da tribo. Quantas línguas não poderiam ter desaparecido pela falta do registro impresso de sua oralidade?

Também é falacioso o argumento de que o assassinato de crianças deva ser tolerado por ser parte da cultura da tribo. Os relatos que tem chegado à grande imprensa mostram pais e irmãos da crianças vitimizadas sofrendo muito pela lei da tribo e lutando o quanto podem pela vida de seus filhos. Ela é acatada com lei, mas não é ponto pacífico entre eles. Além disto, isto gera outras questões embaraçosas. Se o governo brasileiro por meio da FUNAI concordar que crianças podem ser assassinadas porque é algo inerente a cultura da tribo, forçosamente terá de concordar com a igualmente horrenda prática da emasculação feminina perpetrada por tribos no norte da África, a qual, literalmente, extirpa o clitóris das meninas da tribo. Faz parte da tradição daquelas tribos, mas a própria ONU faz campanha contra isto. E aí? como o governo irá resolver esta contradição?

Enquanto o trabalho missionário dá o devido respeito às comunidades indígenas tratando-os como eles realmente são: adultos, como capacidade intelectual suficientes para tomarem suas próprias decisões naquilo que querem crer e na forma como suas crenças vão determinar suas atitudes, a FUNAI continua a tratá-los como serem culturalmente inferiores e que por isso devem ser mantidos segregados para não serem absorvidos pela cultura dita "branca".

Quem é o verdadeiro preconceituoso nesta história?

sábado, 30 de abril de 2011

O perigo de um leitura ideologizada da Bíblia



Vivemos uma época de um intenso confronto ideológico entre conservadorismo e liberalismo, tanto nos campos político quanto comportamentais. O avanço da agenda liberal no mundo ocidental, somados à eleição (nos EUA) de um presidente simpático a esta agenda e que, ainda por cima, se chama Barak, acendeu o sinal amarelo entre aqueles que defendem os valores tradicionais americanos, porém, também levou a ação a ultraconservadores e radicais de direita dos EUA que procuram se contrapor a esta onda liberal com artigos nos jornais, livros, programas de TV e rádio e muita, mas muita disseminação dos seus pontos de vista e críticas ácidas a quem pensa diferente via e-mail. Já teve de tudo, desde a defesa séria e bem fundamentada da restrição a pesquisas com células-tronco e a prática do aborto até a tentativas delirantes de se impetrar um impeachment do presidente dos EUA alegando que ele não teria nascido em solo americano. Ou que ele seria um muçulmano disfarçado. Ou que seria comunista. Ou ambos, sabe-se lá como.

Isto acontece de forma muito intensa nos EUA, mas também já ocorre no Brasil.

Porém, em alguns momentos esta disputa tem sido desnecessariamente levada para o campo teológico. Em certos pontos, realmente a agenda conservadora é próxima dos valores cristãos preconizados na Bíblia, mas muito do que é defendido pela direita americana (e brasileira também) não tem nada a haver com cristianismo. A Palavra de Deus não defende nem propõe qualquer sistema de político ou econômico pois ela é atemporal. A Bíblia não defende a ditadura, nem defende a democracia. Tampouco ela defende o capitalismo ou o comunismo. Ela é a revelação de Deus e de seu plano de salvação na pessoa de seu filho Jesus Cristo. Somente isto e já é muita coisa.

Porém, pessoas tanto à esquerda quanto a direita do espectro político tentam legitimar suas paixões ideológicas por meio da Bíblia, procurando ligar algum fato histórico nela descrito ou palavras de Jesus que possam ser usadas a seu favor.

Um dos textos que mais tem se destacado neste “sequestro” ideológico é o registrado no livro de Atos capítulo 2 versículos 44 e 45: a venda de propriedades para auxílio dos necessitados. Ao longo dos anos, estudiosos ligados a um pensamento mais à esquerda tentaram associar este fato narrado no livro de Atos a uma espécie de proto-socialismo, tentando legitimar aquele sistema político-econômico como mais humano que seu adversário, o capitalismo.

Porém, mais recentemente, vimos o contrário: artigos sendo publicados não necessariamente negando o fato narrado em si, mas acusando-o de ser o responsável pela ruína econômica da igreja cristã em Jerusalém e, devido a isto, a mesma teve de recorrer a doações das igrejas cristãs de outras localidades.

Na minha modesta opinião, este é um exemplo claro do perigo que é ler um texto bíblico sob as lentes distorcidas de uma ideologia, seja ela qual for.

Pesquisei na Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal e no Comentário Bíblico Beacon (ambos publicados pela CPAD, uma editora comprometida com a ortodoxia bíblica) os textos de Atos 11 e Romanos 15 e não encontrei nenhuma ligação da distribuição dos crentes ao comunismo nem tampouco aos efeitos da fome generalizada.

Vejamos o comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal relativo ao texto de At 4.32-35:

“A Igreja Primitiva compartilhava bens e propriedades como resultado da união trazida pelo Espírito Santo, que trabalha na vida dos cristãos e por intermédio deles. Este modo de viver era diferente do comunismo porque: (1) o ato de compartilhar era voluntário; (2) não envolvia todas as propriedades privadas, apenas o necessário; e (3) não era um requisito da comunidade para tornar-se um membro da igreja. A União e a generosidade espiritual dos primeiros cristãos atraía outros.”

Ou seja, a venda de bens e propriedades não era algo obrigatório nem mesmo generalizado, ao contrário. Ao analisar o caso de Ananias e Safira, o Comentário Beacon diz:

"Enquanto a terra fosse guardada, sem ser vendida, não ficava para ti? (4) E, vendida, não estava em teu poder (exousia, "autoridade")? Estas duas perguntas confirmam o que já observamos em conexão com 2.44-45 e 4.32-35: uma comunidade universal de bens nunca foi praticada nem exigida pela Igreja Primitiva."

E como Beacon interpreta At 2.43-47?

"Este último parágrafo do capítulo parece, à primeira vista, descrever uma comunidade de bens na Igreja Primitiva em Jerusalém. Mas o texto grego dá uma impressão um pouco diferente daquele resultante da tradução em português. O tempo imperfeito, que significa uma ação contínua ou repetida, aparece nada menos que 8 vezes nestes 5 versículos (43-47). Em 44 e 45, o uso do imperfeito é excessivamente significativo para a exegese correta. Os crentes "tinham tudo em comum" (tradução literal de 44b); ou seja, deixavam todas as suas posses à disposição da igreja, para que fossem usadas conforme a necessidade.
O versículo 45 pode ser adequadamente parafraseado assim: "E de tempos em tempos eles vendiam as suas posses e os seus bens, e os repartiam entre todos, segundo as necessidades que cada um tinha de tempos em tempos". A implicação é a de que, quando surgiam as necessidades especiais, algum crente, ou alguns crentes, vendiam propriedades e tornavam os resultados da venda disponíveis para solucionar a emergência. A mesma coisa ainda acontece hoje entre os cristãos consagrados."

Ou seja, a prática cristã da venda de bens e propriedades era um ato de misericórdia fruto de alguma necessidade eventual, não uma prática sistemática e obrigatória. E quanto a afirmação de ser ela a responsável pela miséria da comunidade cristã em Jerusalém? Beacon reforça ao comentar At 4.32-37:

"Como observamos em 2.44-45, a indicação não é a de que toda propriedade privada de bens fosse abolida - como se faz em algumas comunidades religiosas. Mas a sinceridade da congregação dos primeiros cristãos era tal que se poderia dizer: Não havia entre eles necessitado algum (34). por quê? Porque quando surgisse uma necessidade, alguém venderia algum bem e traria o dinheiro para solucionar a emergência. Isto é o que o texto grego indica, pelo uso do imperfeito aqui como em 2.44-45. O lembrete do versículo 34 é, literalmente: "porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as (tempo presente - de tempos em tempos, conforme surgisse a necessidade), trazia o preço do que fora vendido". Isto não significa que todos vendiam as suas propriedades ao mesmo tempo e colocavam o dinheiro em um cofre comum. Ao contrário, cada crente conservava a sua propriedade como uma garantia, a ser usada de qualquer modo necessário pela igreja. essa é a verdadeira administração cristã."

Portanto, podemos empreender que as doações dos irmãos da igrejas irmãs para uma situação emergencial vivida pela igreja em Jerusalém é a repetição de um modelo já aplicado por esta igreja, e é repetido porque foi uma iniciativa bem-sucedida, e não o contrário.

Quanto à citação deste ato de doação, não há na passagem nem no restante do livro de Atos (escrito anos depois dos primeiros anos da Igreja Primitiva) qualquer conotação negativa ou consequência desastrosa de sua prática. Ao contrário, ele está dentro das descrições das atividades da igreja que fazia com que ela "caísse nas graças de todo o povo". Mais uma vez, recorrendo a Beacon, ele nomeia este tópico - At. 2.3 7-47 - de O Testemunho Eficaz - e a doação comunitária faz parte dele.

Na verdade, vemos duas situações distintas: em Atos 11.28, vemos uma doação preventiva da igreja de Antioquia. Por quê preventiva? Porque ela foi tirada para se antecipar a uma fome que ainda viria, pois foi avisada por meio de profecia. Tal fome ocorreu na Palestina entre 44 e 48 d. C. (Beacon). Já a coleta na Macedônia citada em Romanos ocorreu entre 53 e 59 d. C. (Beacon).

Caberia fazermos um estudo mais profundo da situação político-econômica da Palestina no período para compreendermos melhor o efeito da crise na região. É mais provável que a região como um todo tenha sentido mais os efeitos desta crise do que o resto do Império do que supor que a igreja cristã sofreu mais devido a um "proto-socialismo" por ela implantado. Não me espantaria se esta crise econômica, aliado aos impostos de Roma tivessem desembocado na revolta Judaica, mas isto, é pura especulação minha.
Lembremos que a Igreja em Jerusalém era, provavelmente, a mais numerosa de todas, visto que, no primeiro dia 3000 almas se converteram e pouco depois já contava com mais de 5000 homens, fora mulheres e crianças. Com a perseguição de Saulo, aqueles poucos que tinham condições ou posses fugiram, mas não há dúvida que os mais pobres não teriam essa liberdade de locomoção. Se os apóstolos continuaram nos passos de seu Mestre, a maioria esmagadora dos membros desta numerosa igreja seria de pessoas marginalizadas pelo judaísmo oficial: pobres, doentes, pecadores arrependidos, etc. Pessoas de poucos recursos e portanto, mais indefesas a períodos de crise econômica e fome. Muita gente, poucos recursos e fome. Não é uma equação fácil de se resolver. A venda de um ou outro terreno de um irmão mais afortunado seria um paliativo temporário mas, sem dúvida, a colaboração das demais igrejas seria fundamental para a igreja-mãe.

Resumido: se, segundo Beacon, já é um erro associar a generosidade dos cristãos de Jerusalém com socialismo, creio que um erro ainda maior seria considerar esta generosidade - elogiada em Atos, portanto pela própria Palavra de Deus - como um erro administrativo que teria levado a igreja a passar por necessidades - perdão pelo trocadilho - desnecessariamente.

Tenhamos cuidado com nossas leituras e interpretações do texto bíblico a fim de não cairmos em armadilhas mentais criadas por outros ou por nós mesmos. Se não corremos o risco de tentarmos usar a Palavra de Deus para defender apaixonadamente ideologias puramente humanas, como é o caso das filosofias políticas e econômicas que norteiam e definem o mundo a nossa volta, mas do qual, espiritualmente, não fazemos parte.


Bibliografia: Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, 2008, CPAD
Comentário Bíblico Beacon, 1a. Edição, 2006, CPAD

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Uma pequena fábula sobre o amor de Deus

Na Páscoa celebramos o amor de Deus por nós na pessoa, vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Porém, para muitas pessoas é difícil entender a dimensão do gesto de Deus, a intensidade de seu amor por cada um de nós. Este vídeo nos ajuda a entender um pouco do que Ele teve de abrir mão para nos dar a chance de sermos salvos de nós mesmos, de uma vida vazia de significado, mas cheia de pecados.


O sacrifício de Jesus nos deu uma segunda chance. Não a desperdicemos.
 


domingo, 17 de abril de 2011

Infância roubada


Não teria como ignorar o trágico dia que todos nós vivemos com o assassinato a sangue frio de 12 crianças em uma escola pública no bairro de Realengo, Rio de Janeiro.
Todos ainda buscam respostas para o que não tem resposta: o que leva alguém a cometer tamanha covardia, tamanha atrocidade?
No jornal O Globo li uma entrevista da especialista em perfis criminosos Ilana Casoy. Ela deixa claro que nenhuma das informações colidas até agora sobre o assassino são determinantes para esta explosão de fúria. Nem o suposto bulling sofrido, o temperamento recluso, suposta religiosidade ou problemas mentais de sua mãe, por si só explicam seu crime.
Mas este fato isolado me chamou a atenção para uma realidade maior: apesar deste ter sido o mais brutal ataque contra a infância em nosso país, não foi, de modo algum, o primeiro nem tampouco o mais cruel:

1) Neste mesmo mês, um casal em Curitiba tentou abandonar na maternidade uma de suas filhas trigêmeas nascidas mediante um tratamento de fertilização in vitro. Por algum motivo ainda desconhecido, o casal de classe média alta, estava disposto a ter dois filhos, mas não três. Segundo notícia publicada no O Globo de 9/04/2011, eles haviam autorizado a adoção delas ainda no quarto mês de gravidez e tentado o aborto de uma delas no exterior.

2) O jornal extra noticiou em 07/04/2011: “A venda de um sutiã da Disney tem gerado muita polêmica. O motivo: a mercadoria é destinada a crianças de quatro a seis anos e tem enchimento. Consumidores de São Paulo, onde a rede Pernambucanas tem lojas, criticam a comercialização do produto. No Rio, a peça já foi vendida na Leader.
Nós nos perguntamos se uma criança dessa idade precisa usar um sutiã, ainda mais com enchimento. Chamamos isso de "adultização" da infância — disse a advogada Isabela Henriques, coordenadora do projeto Criança e Consumo do Instituto Alana, lembrando ainda que o produto é licenciado pela Disney, uma marca de confiança, credibilidade e qualidade.”

3) A dona de casa Silvânia Pires de Souza, 21 anos, está presa na cadeia de Ibiá, no Alto Paranaíba (MG), sob suspeita de ter atirado a filha de 5 meses no rio Misericórdia, na tarde desta terça-feira dia 8/03/2011.

4) em 30/07/2010, a BBC fez uma reportagem sobre prostituição infantil no Brasil que mostrou que crianças de 13, 12 e até 11 anos estão suprindo uma crescente demanda de turistas estrangeiros que viajam ao Brasil atrás de sexo. A cada semana, operadores de turismo despejam nas cidades brasileiras milhares de homens europeus que chegam em voos fretados especialmente ao Nordeste em busca de sexo barato, incentivando assim a prostituição.

5) Em 29/04/2010 o Estado de São Paulo noticiou que uma procuradora de Justiça aposentada foi indiciada pelo crime de tortura qualificada pelas agressões a uma criança de 2 anos. A menina estava sob sua guarda provisória em processo de adoção. Segundo depoimento do conselheiro tutelar, a criança estava no chão do terraço onde fica o cachorro da procuradora aposentada. De lá, a menina foi levada para um hospital. Com os olhos inchados, ela precisou passar três dias internada.

6) Em 7/3/2010 – A Mini Lady Gaga, uma criança de apenas 8 anos, dá show ao vivo no palco do programa Domingo Legal exibido no SBT. Ela foi introduzida ao palco por um homem vestido igual a cantora americana Beioncé, chamado no programa Bananaoncé”. Lady Gaga é uma polêmica cantora que faz inúmeras referências sexuais, inclusive sadomasoquistas, sempre com um visual bizarro e doentio em seus clipes.

O que está acontecendo?
Vivemos em uma sociedade decadente, em acelerado processo de decomposição. Falta de autoridade de pais e professores, grande liberdade de ação e estímulo ao consumo desenfreado para adolescentes e jovens além de total incentivo dos meios de comunicação para que cada um haja como melhor lhe convier, sem se preocupar com o amanhã, muito menos com seu próximo, levou a criação de uma geração de pessoas egoístas e agressivas, voltadas unicamente para o seu prazer, para a sua satisfação pessoal.
Este é o resultado de um mantra subliminarmente repetido: “não me arrependo de nada”, “viva o momento”, “carpe diem”, “você não manda em mim, a vida é minha”.
Em uma sociedade pautada por estes valores, o prazer pessoal é uma obrigação e qualquer responsabilidade com o próximo é um obstáculo a ser eliminado.
Mas ainda há um último tabu que ainda resta a cair: nossas crianças. Quando pensamos em infância, imediatamente nos vêm à mente palavras como inocência, alegria, necessidade de proteção e futuro. Mas, como podemos ver pelos exemplos acima, forças malignas tem tido um intenso trabalho para destruir o último bastião de humanidade que ainda resta em nosso país. Diariamente, crianças inocentes de sido adultizadas, agredidas, violentadas, prostituídas e assassinadas em nosso país. Diariamente.
Nesta semana, minha filha de 6 anos chegou em casa cantando a música Alejandro, de Lady Gaga. Me surpreendi com o fato, visto que em casa minha filha não houve músicas adultas, somente músicas infantis e nem eu nem minha esposa ouvimos este tipo de música. Embora eu já conhecesse a canção devido a matérias na TV, perguntei a ela que música era aquela. Ela respondeu: “Lady Gaga”. Perguntei então onde ela havia aprendido. A resposta me chocou: “na escola. A Tia canta ela todo o dia”.
Como podemos esperar ter algum futuro se tratamos assim o nosso futuro? Crianças são adestradas a serem fúteis e consumistas como são os adolescentes os quais por sua vez, mimetizam o comportamento dos jovens e adultos. Pais sem autoridade ou massa crítica, fazem todas as suas vontades para tentar subornar alguns minutos de paz. E assim gira a roda do consumo.
Não creio que haja alguma sociedade secreta ou teoria da conspiração que seja responsável pela prática sistemática de tamanha insanidade contra nossas crianças. Os casos que relatei acima não possuem correlação entre si, mas são todos frutos de um mesmo mal.
Sua origem é mais profunda, invisível, demoníaca. Está aberta uma temporada de caça contra nossos filhos. Todos os meios serão utilizados para roubar-lhes a infância ou mesmo a vida. Isto ocorre pela nossa inação como igreja, família e sociedade. Se não nos capacitarmos espiritualmente, e não pregarmos o bem e denunciarmos o mal, se não pagarmos o preço de sermos intransigentes na defesa dos valores cristãos, veremos a cada dia se cumprir dentro de nossas próprias casas o texto de II Tim. 3.1-5: 

Sabe, porém, isto; que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos; porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te”.