quarta-feira, 27 de julho de 2011

Confesso: sou um fundamentalista



Recentemente, o mundo se chocou com mais um ato de barbárie cometido por um homem contra seus semelhantes. Desta vez, na próspera e civilizada Noruega, explosões destruíram um prédio público e poucas horas depois, jovens e adolescentes que estavam em um evento organizado por um partido político em uma ilha foram impiedosamente massacrados por um único homem, que disparou suas armas contra eles, fazendo mais de setenta vítimas inocentes.

Em um primeiro momento, órgãos de imprensa cogitaram a possibilidade do ataque ter sido promovido por grupos fundamentalistas islâmicos, visto que tropas norueguesas fizeram parte da coalizão no Afeganistão, mas logo a surpreendente verdade veio à tona: o terrorista não era um barbudo de turbante mas sim um homem alto, loiro, de olhos azuis e norueguês!

Anders Behring Breivik, 32 anos, foi descrito pela imprensa como um fundamentalista cristão, que durante alguns anos havia sido ligado ao Partido do Progresso, um partido de direita. Com forte posição xenófoba, ele era contrário a presença de estrangeiros, especialmente muçulmanos não apenas na Noruega mas em toda a Europa.

Em seu manifesto de 1.518 páginas divulgado na Internet, Breivik, citou o Brasil como um "catastrófico" exemplo de miscigenação que não deve ser seguido. Ele defende que os conservadores europeus se unam através de uma combinação de "luta armada e democracia" para combater o avanço da miscigenação nos próximos 70 anos. Caso contrário, o continente seguiria um modelo de "bastardização, muito similar ao do Brasil"

A imprensa divulgou também fotos dele armado e vestindo roupas de estilo militar, algo muito comum entre os adeptos da direita radical e racista. Mas qual a fonte da informação de que o monstro assassino seria um “fundamentalista cristão”?

Até o momento, a única informação minimamente próxima a isto está no seu perfil do Facebok, onde ele se diz 'conservador', 'cristão', interessado pela caça e por jogos como 'World of Warcraft' e 'Modern Warfare 2'. Aparentemente, a imprensa associa o termo “fundamentalismo” a radicalismo, intolerância, violência. O problema é que uma coisa não tem nada a haver com outra. 

O que é então, fundamentalismo?

Segundo o Wikipedia, Fundamentalismo é a estrita aderência a um conjunto específico de doutrinas teológicas tipicamente em reação à teologia do Modernismo. O termo "fundamentalismo" foi originalmente designado por seus defensores para descrever uma lista específica de credos teológicos que se desenvolveu em um movimento na comunidade protestante dos estados Unidos na primeira parte do século XX.

O termo desde então tem sido generalizado para significar a forte aderência a qualquer conjunto de credos em face do criticismo ou impopularidade, mas tem mantido suas conotações religiosas.
Fundamentalismo como um movimento surgiu nos Estados Unidos, começando entre os conservadores teólogos Presbisterianos na Seminário Teológico de Princeton no final do século XIX. Isto logo se espalhou entre conservadores Batistas e outras denominações por volta de 1910-1920. O propósito do movimento era de reafirmar antigas crenças dos cristãos Protestantes que zelosamente a defendem contra a teologia liberal, alto criticismo, Darwinismo, e outros movimentos que consideram como ameaçadores ao cristianismo.

A primeira formulação das crenças do fundamentalismo americano podem ser ligadas à Conferência Bíblica de Niagara e, em 1910, à Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana cuja doutrina se gerou o que ficou conhecido como os "cinco fundamentos":

·      A inspiração da Bíblia pelo Espírito Santo e a inerrância das escrituras como resultado disto.
·      O nascimento virginal de Cristo.
·      A crença de que a morte de Cristo foi a redenção para o pecado.
·      A Ressurreição de Jesus.
·      A realidade histórica dos milagres de Jesus.

Apenas recentemente o termo fundamentalista começou a ser difundido fora dos círculos teológicos e ganhou uma conotação bem distinta de seu significado original, especialmente quando passou a ser utilizado em alusão aos atos terroristas praticados por radicais islâmicos.

Por isso, Anders Behring Breivik em hipótese alguma pode ser classificado como um fundamentalista cristão pois suas ideias e crenças são claramente contrárias aquilo que a Bíblia ensina pois, como vimos acima, um fundamentalista cristão crê na inspiração da Bíblia pelo Espírito Santo e a inerrância das escrituras e nela está escrito:

Êxodo cap. 02 vers. 13: “NÃO MATARÁS”.
Anders Behring Breivik matou a sangue frio mais de 70 pessoas inocentes.

Colossenses cap. 3 vers. 11: “Onde não há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; MAS CRISTO É TUDO EM TODOS”.
Anders Behring Breivik possui um profundo ódio por estrangeiros e outras culturas.

Zacarias cap. 4 vers. 6b: “NÃO POR FORÇA, NEM POR VIOLÊNCIA, MAS PELO MEU ESPÍRITO, DIZ O SENHOR DOS EXÉRCITOS”.
Anders Behring Breivik crê na violência como motor propulsor de mudanças.

Diferentemente do que ele mesmo postou em sua página no facebook, Breivik não é um cristão, muito menos fundamentalista, simplesmente porque suas ações não estavam fundamentadas no cristianismo, mas sim em filosofias racistas e na prática de que os fins justificam os meios. Para ele, ser cristão seria meramente um dado cultural a mais da tradição dos povos brancos da Europa a ser protegida da invasão bronzeada de populações islâmicas.
Mas ele está errado. Cristianismo não tem cor, nem língua, nem está culturalmente atrelado a nenhum povo. Ao longo dos últimos 20 séculos a mensagem do evangelho tem se adaptado a qualquer povo, língua, cultura, etnia ou sistema de governo justamente porque ela está acima destas questões humanas. Evangelho não é folclore, é uma divina mensagem de vida para todos.   

Por fim, se este infeliz fosse de fato um cristão fundamentado na palavra de Deus, conheceria o que está escrito em Colossenses cap. 2 vers. 8:

“TENDE CUIDADO PARA QUE NINGUÉM VOS FAÇA PRESA SUA, POR MEIO DE FILOSOFIAS E VÃS SUTILEZAS, SEGUNDO A TRADIÇÃO DOS HOMENS, SEGUNDO OS RUDIMENTOS DO MUNDO E NÃO SEGUNDO CRISTO.”

Por tudo o que foi colocado aqui, posso afirmar com a maior tranquilidade e paz na alma: eu sou um fundamentalista cristão; minha fé está alicerçada em uma rocha que jamais será abalada e quem crer nela, jamais será confundido: Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus.

Um comentário:

  1. Muito corajoso da sua parte ir contra uma opinião tão arraigada e amplamente aceita na contemporaneidade. Provou por A mais B o processo de ressignificação da palavra FUNDAMENTALISMO. Surpreendente.

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