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Cena do filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin |
Será
que está no fato de que foi ela por meio da reflexão dos
filósofos gregos Leucipo e Demócrito quem primeiro
conceituou a existência do átomo 2200 anos antes da ciência
conseguir comprovar a sua existência?
Será
que está no trabalho de Platão que 400 anos antes de Cristo,
declarou que o homem é composto de um corpo físico mortal e uma
alma imortal?
Será
que está no trabalho de Heráclito que por volta de 500 antes de
Cristo desenvolveu o conceito do Logos, posteriormente aperfeiçoada
por outros filósofos como os estóicos, Plotino e Fílon de
Alexandria e mais tarde incorporado pelo evangelista João ao seu
Evangelho como sendo o próprio Cristo?
Estaria
na base teórica de todos esses filósofos que foi utilizada pelos
pais da Igreja, como Justino Mártir e Clemente, entre outros, para
defender a fé cristã da acusação dos romanos de que não passava
de uma religião primitiva de pessoas ignorantes.
Estaria,
talvez, em sua base teórica que permitiu a um dos grandes pensadores
da história do cristianismo, Agostinho de Hipona a desenvolver sua
teologia?
Ou,
talvez, esteja em sua capacidade de explicar o comportamento das
pessoas em face das mudanças que sempre ocorrem ao longo da
história, como recentemente fez Zygmunt Balman ao desenvolver o
conceito de “sociedade líquida” para descrever o comportamento
humano após o impacto da revolução digital e das redes sociais em
seu cotidiano.
Na
minha opinião, a importância de se estudar a filosofia – e a
sociologia, a antropologia, a teologia e a Arte – está em fazer
aquilo que muitas pessoas em posição de poder não querem que as
demais façam: pensar, refletir, questionar, propor.
Para
estas pessoas, bastam que os outros saibam ler, escrever, fazer
conta. Para serem máquinas de trabalhar, basta isso.
Mas
para serem pessoas plenas, é necessário que exercitem sua
capacidade de pensar, de ir além. Por isso tive aula de filosofia
tanto na faculdade de Comunicação quanto na de Teologia (gratidão eterna, professor Moisés Martins!). Por isso
minha filha de 14 anos estuda filosofia no 9o. ano do
ensino fundamental. Para ser mais do que uma boa profissional que
aperte botões ou faça cálculos, para ser uma pessoa plena,
inclusive apertando botões e fazendo cálculos.
Por
tudo isso, a filosofia é a mãe de todas as ciências, inclusive das
exatas, visto que Aristóteles era filósofo.
Mas
o que é filosofia? Vamos à exegese da palavra, como costumamos
fazer com termos bíblicos. A origem da palavra filosofia está na
junção de duas palavras gregas: Filo + sofia, isto é, amor +
sabedoria. Portanto, filosofia é o amor pela sabedoria, pelo
conhecimento, pela reflexão. Antes de existir o cálculo, existe a
reflexão. Antes de se descobrir o átomo, existe a reflexão. Antes
de se descobrir a si mesmo, vem a reflexão. Sem a reflexão, não
somos nem gente. E já que falamos de termos bíblicos, segue aqui um
versículo para nossa meditação:
“pois
a sabedoria é muito mais proveitosa que a prata, e o lucro que ela
proporciona é maior que o acúmulo de ouro fino.” Pv. 3.14
Obviamente
que a sabedoria de Deus é infinitamente superior à sabedoria
humana, mas estas não são autoexcludentes. Há espaço na mente e
no coração do homem para a sabedoria revelada da parte de Deus e a
sabedoria adquirida com a vivência, como vemos o escritor de
Eclesiastes citar diversas vezes o que viu e refletiu e as conclusões
que chegou.
Sem
filosofia não se faz teologia pois para saber ler é preciso antes
saber pensar.
Pense
nisto.
Fonte: